Estudo da biocompatibilidade de materiais na odontologia avança; área explora opções para atender demandas individuais

Quando perdemos um dente, temos a opção de fazer um implante. Em casos de cáries, restaurações. Dentro da odontologia isto se estende: coroas, aparelhos, porcelana, próteses, enxertos. E isto só é possível – assim como na medicina – graças aos estudos de materiais que sejam biocompatíveis. Ou seja, que são compatíveis com o corpo humano.

            Com o avanço da ciência, o entendimento de quais são as melhores abordagens vem mudando e o termo biocompatível está se ampliando. Antes se partia do pressuposto de que um mesmo material servia para todos. “Agora vemos que não é simplesmente o corpo aceitar o material, porque sabemos que cada pessoa é diferente e esta individualidade do paciente apresenta diferentes demandas”, explica a Dentista Regeane Kaniak, especialista em Implantodontia e acupuntura, e que se debruça sobre o tema há 20 anos.   

–>Você deve lembrar: Não muito tempo atrás era comum encontrarmos restaurações de amálgama de mercúrio (aquelas que ficavam escuras, não na cor natural do dente). Hoje já se sabe que este elemento é altamente tóxico e foram-se criadas outras opções, como a resina, que cumpre tanto a função de restauração quanto a função estética.

            O termo biocompatível trata de materiais que não fazem parte do corpo, mas que precisam estar em contato direto com tecidos e órgãos sem causar dano nenhum. Buscam-se opções que a pessoa tolere e que também sejam particularmente ressonantes com o paciente, evitando também opções tóxicas. Além de diferentes metais e mercúrio, o uso de plásticos com bisfenol (caso das resinas) deve ser considerado, já que pode desencadear alterações metabólicas.

            Alguns dos materiais que podem ser utilizados como opção são as próprias resinas com baixa ou nula presença de bisfenol e, em substituição ao titânio dos implantes, a zircônia.

            Como afeta o organismo

Os metais fazem parte naturalmente do planeta e nós temos contato diariamente com eles, como é o caso das nossas panelas, facas, carros e casas. O problema aparece com o contato permanente. Por isso os aparelhos ortodônticos, por exemplo, são considerados um campo de interferência temporário. Mas a maioria dos tratamentos odontológicos vão permanecer na boca do paciente durante toda a sua vida, por isso a importância de considerar a resposta de cada pessoa ao tratamento.

            Alergias e intolerâncias partem do princípio que o corpo não aceita determinada substância. Alergias bucais são raras, o mais comum são intolerâncias, que podem acontecer posteriormente com o contato prolongado com metais ou materiais incompatíveis.

            Como sinais, é possível a presença de ardência, gengiva sensível, boca descamada, secura e sensibilidade. Como a intolerância funciona como uma resposta imune, nos casos de pessoas com doenças neurodegenerativas (como esclerose múltipla, Parkinson e Alzheimer), pode ser um elemento que agrava a doença ao evitar o auto reparo do organismo.

            Para entender como os materiais podem afetar o tratamento, a primeira atitude do profissional é ver que alterações o paciente tem. É a fase de entender quais doenças (no corpo todo) estão instaladas, quais medicamentos e tratamentos faz uso. Algumas condições de saúde se agravam quando o sistema imunológico é ativado,  e algumas situações bucais podem contribuir nisso.

            O ‘x’ da questão

            Se por um lado há uma evolução e consenso de materiais que universalmente devem ser evitados – como o mercúrio – a grande mudança de perspectiva é individualizar o tratamento dos pacientes. Para alguns, a auto regulação do organismo pode ser tão boa que ter todos os dentes implantados com titânio não traga consequências, excretando facilmente as toxinas dos metais. Para outros, talvez represente o agravamento e aparecimento de problemas.

            “Pensamos no que pode ser feito para neutralizar o efeito de toxinas, e respostas aos materiais. A proposta de selecionar o melhor material visa cuidar do paciente, então é difícil que ele não aceite esta nova abordagem”, reitera Regeane, ressaltando que esta é uma possiblidade a mais visando a saúde integral da pessoa, buscando materiais que reajam melhor com aquele organismo.  

            Identificando ao que somos biocompatíveis

            Um exemplo prático: você tem 4 dentes implantados e está fazendo um 5º implante. Ao colocá-lo, o dente cai. Você volta ao dentista, ele realiza novamente o procedimento, e lá se vai o dente. Este pode ser uma sinalização de que aquele organismo atingiu seu máximo de absorção.

            Esta biocompatibilidade, além dos aspectos de auto-observação, é mensurável através de exames. No Brasil, é estabelecida com a análise da história clínica do paciente, anamnese, exame de alergias, bioressonância e mineralograma (exame de sangue, capilar ou salivar que detecta a presença de metais tóxicos no organismo e deficiências nutricionais). Na Europa já existem inclusive testes se sangue específicos de biocompatibilidade.

Fonte: Regeane Kaniak, CRO 13302