Constelação familiar Sistêmica: observando relações humanas, terapia visa resolução de conflitos

Pelo nome, tem quem imagine que envolva algo sobre os astros e estrelas, ou quem sabe sua família. Mas não é bem assim! A Constelação Familiar Sistêmica é uma terapia que, a partir das relações humanas – que começam em casa, depois vão para a escola e comunidade – busca resolver problemas e conflitos. Tudo para uma vida mais harmônica e equilibrada.     

O ponto é que por familiar você deve entender de sete gerações atrás ou mais: pais, bisavós, trisavós, tataravós… O conceito é que pelo sangue você pode herdar o que estes teóricos chamam de “crenças limitantes”, que influenciam e limitam, ainda que seja a nível inconsciente. São dinâmicas ocultas.

O papel da Constelação seria colocar luz neste aspectos e ajudar a resolvê-los, o que consequentemente reflete em soluções para problemas que você vive. É possível constelar qualquer tema (que você define antes da sessão, conforme sua necessidade), como problemas conjugais, doenças, dificuldades de aprendizado, medos e até mesmo situações do ambiente corporativo. Hoje, inclusive fóruns de estados brasileiros a utilizam como técnica para solução de conflitos em casos de separação e de menores infratores, por exemplo.

 “Dentro da gente tem toda a nossa história. Às vezes a pessoa fala: mas eu nem conheço aquela pessoa. Mas isso não significa que não influencie. Dessa maneira, temos muitos conflitos”, explica a terapeuta Rita Luchetti, que atua na área há 10 anos. Ela coloca que a técnica funciona acessando o “campo” da pessoa, algo imaterial que faz alusão as coisas que estão em seu inconsciente.

A constelação pode ser aplicada em grupos, onde um indivíduo por vez tem um tema constelado e os demais representam os elementos que fazem parte do problema. Nesta configuração, cada um que entra dentro do campo representa uma pessoa ou situação. No individual, é aplicada dentro do consultório com representação, usualmente com bonecos. A única limitação são crianças, a quem a técnica não se aplica.

Como é a sessão

O começo acontece com a pessoa apresentando o tema da constelação. Este tema quem escolhe é você, a partir dos problemas que já identificou na sua vida. O constelador vai pedir que “monte” a cena, colocando todas as pessoas e elementos que possam estar envolvidos.

O lugar onde você colocar cada um dos elementos é passível de interpretação, para entender o que significa. São casos como um casal longe um do outro; outras pessoas que interferem na falta de saúde; o que está no meio do caminho do seu objetivo. O terapeuta funciona como mediador, mostrando onde está o erro e promovendo a tomada de consciência.

Na sequência, são proferidas frases de solução, para trazer do inconsciente ao consciente e poder ser trabalhado, buscando resolução. Nesta fase pode acontecer o rearranjo dos elementos, em posições que restabeleçam o pertencimento e hierarquia.

Cada sessão dura em média 1 hora, mas, pode continuar agindo por dias, meses ou anos. “A técnica encanta por ver as transformação que acontece no dia a dia, nas famílias, em situações de doença… As pessoas vão perceber esta mudança, gerando bem-estar, equilíbrio e a solução do problema”, contextualiza Rita.

Uma das filosofias é de sempre conduzir e fazer o melhor para a pessoa. Outro aspecto relevante é de que tudo que acontece dentro do campo deve ser respeitado e permanecer restrito a quem participou.

 As leis ou ordens

A Constelação Familiar foi desenvolvida por Bert Hellinger, a partir de observações do comportamento humano. Ele estabeleceu 3 leis ou ordens. A 1ª é o Pertencimento, que diz que todos da família pertencem ao sistema. É importante incluir todos, inclusive filhos anteriores ao casamento, crianças que faleceram cedo e abortos.

Exemplo –>A mulher tem 3 filhos, além de um aborto antes do nascimento deles. Ela fala que são o filho, 1, 2 e 3, esquecendo daquela primeira criança, que foi a 1ª. Todos os outros estão na posição errada e fora de ordem. “Quando estamos fora de ordem estamos usurpando o lugar de alguém e estamos fora do nosso lugar. Uma das possíveis consequências é dificuldade em se encontrar na vida”, explica Rita.

A 2ª é Hierarquia, ou seja, respeitar que quem veio antes tem prioridade. Os filhos devem fazer o papel de filhos, e os pais, de pais. Não podem assumir para si problemas que não são seus ou tentarem coordenar como os pais devem agir em determinada situação, por mais que tenham boas intenções e instinto de proteger, devem respeitar seu lugar na hierarquia.

A 3ª é o equilíbrio entre o dar e receber. Esta ordem diz que as relações precisam ter uma troca que gere equilíbrio. A exceção é a relação entre pais e filhos (partindo do princípio de que os pais dão o dom maior da vida). Alguns estudiosos ainda estabelecem a 4ª ordem, da aceitação de como as coisas foram e são.

Fonte: Rita Luchetti, consteladora familiar