Alimentação tem o potencial de promover longevidade

E este potencial pode ser explorado não só em idade cronológica, mas na qualidade dos anos que são acrescentados à nossa vida. Às vezes é indo para o básico e pensando no que colocamos de combustível para nosso corpo que está um dos segredos de viver mais e melhor. 

            Cuidar da longevidade é uma soma de fatores. “Não é uma ação isolada ou alimento específico, é um agrupamento de ações que levam a viver melhor. Do ponto de vista alimentar temos que pensar que a qualidade alimentar deve começar na infância – mesmo na gravidez – garantindo condições de processamento e absorção através da microbiota”, contextualiza a nutricionista Adriane Colaça.

            É como se você estivesse fazendo uma conta de matemática. No final, para o saldo ser positivo, você precisa adicionar coisas boas. Se você coloca menos coisas boas, o esforço continua válido: o resultado ainda assim vai conseguir ser sentido na vida. Então, alimentação balanceada – que é o primeiro passo do processo -, aliada a prática de atividade física, menos estresse, ansiedade, álcool e cigarro, controle de patologias, com boa qualidade do sono e qualidade de vida resultam em uma vida plena.

E fica a explicação: toda a vez que somos submetidos a processos infecciosos ou doenças, temos um risco maior de reduzir a nossa longevidade, colocando o sistema imunológico à prova. O correto é que tenhamos um sistema sempre eficiente, que faça um controle destas invasões e patologias o mais rápido possível, diminuindo os danos no RNA e DNA (integridade celular).

            Quer dizer que se você comer uma refeição esporádica bem gordurosa e cheia de açúcar o trabalho está todo perdido? Não, atitudes isoladas não conseguem sozinhas estragar o trabalho de um organismo fortalecido por um dia a dia construído de vegetais, legumes, verduras, frutas e proteínas boas.

Alimentos naturais como chave para uma vida mais longeva

            Se temos todos os nutrientes e capacidade orgânica, nutricional, vitaminas, energética e mineral, podemos ter bons resultados. E o primeiro e mais importante passo é usar e abusar dos alimentos naturais, a tal comida de verdade.

            Por comida de verdade, entenda-se aquela que você descasca mais do que desembala; que tem vida útil curta na sua geladeira; que ao olhar um rótulo, tenha poucos ingredientes e processamentos. É o caso de frutas, verduras, ovos, carne, biscoitos caseiros e pão artesanal, por exemplo.

Para saber → Os alimentos processados podem ocasionar distúrbios endócrinos, alterações hepáticas e toxicidade hepática (quando o fígado não consegue desempenhar as funções metabólicas por estar sobrecarregado de xenobióticos e conservantes) e por isso não devem ser a base alimentar.

            E, como alerta a nutricionista Adriane, o importante é priorizar os alimentos naturais com a dieta que você precisa naquele momento da sua vida. “Não é um padrão de dieta. Uma gestante é uma composição de dieta, a criança é outra, assim como uma mulher jovem, idoso, lactante, homem… Temos menos tempo para cozinhar devido a vida acelerada, mas é fundamental este movimento de se voltar a comidas caseiras e naturais”, reforça. E, claro, tudo isso caprichando na ingestão de água para manter a hidratação corporal.

            E quais alimentos não podem faltar?

            A gente já disse que não tem fórmula genérica que sirva para todos, né? Mas tem dois grupos alimentares que são destaque e que valem um olhar especial para você incluir na sua dieta cotidiana: os legumes e os vegetais.

            O grupo dos legumes – feijão, grão-de-bico, ervilha e lentilha – até pelo tempo maior de cocção, tem cada vez mais deixado a mesa do brasileiro. E elas, junto com os vegetais, devem estar presentes no almoço e jantar. Em média são indicadas 400 gramas do grupo de vegetais, legumes e frutas, o que dá cerca de 4 xícaras diárias.

Para saber → Muita gente acha que está tudo bem e que está em uma dieta saudável, mas sofre com problemas de distensão abdominal, constipação ou diarreia crônica sem justificativa. E esta disbiose pode ser por falta do consumo adequado de prebióticos como as folhas (alface, rúcula, radite, almeirão, repolho, etc); elas têm substâncias bioativas que alimentam as bactérias boas do intestino, que ajudam na absorção de vitaminas e colaboram na formação de ácido graxo de cadeia curta, resultando em bom desempenho cognitivo e físico.

            Por isso os projetos alimentares analisam o indivíduo de forma ampla, que atenda a necessidade de performance da pessoa de forma eficiente. E aqui cada um coloca os objetivos que correspondam a sua realidade: querer acordar todos os dias bem; ter capacidade cognitiva para realizar tarefas; energia e disposição; performance esportiva; realizar seu trabalho adequadamente; e assim por diante. E é este estado que vai levar a felicidade e que, por consequência, leva à longevidade.

Fonte: Nutricionista Adriane Colaça