Mudanças de hábitos são aliados contra a hipertensão; alteração comum, que está entre os principais fatores de risco para doenças que mais matam no mundo

            Em uma reunião de família, amigos ou trabalho, dê uma olhadinha ao seu redor. A chance de neste espaço ter um ou vários hipertensos é enorme! A hipertensão arterial, popularmente chamada de“pressão alta”, é uma doença comum, caracterizada pelo aumento pressão arterial (vasos sanguíneos que levam sangue oxigenado do coração para os demais órgãos).

Mas o fato de ter muita gente com a condição (em especial os idosos) não quer dizer que ela deixa de ser preocupante. Pelo contrário, é um dos principais fatores de risco cardiovasculares – juntamente com alteração dos níveis de colesterol, obesidade e diabetes, por exemplo.

Para entender –> Isto indica a importância da hipertensão não controlada como indutor de aterosclerose (formação de placas de gordura e envelhecimento precoce dos vasos sanguíneos), que é a doença precursora do infarto agudo do miocárdio e do acidente vascular cerebral, conhecido como “derrame”.

Apesar de a hipertensão arterial ser uma doença multifatorial, inclusive com influência genética, existem vários fatores de risco modificáveis. E isso reforça a importância de que a população em geral detenha conhecimento básico sobre o assunto e, consequentemente, tenha ferramentas simples para o cuidado de si e dos seus familiares.

É aí que encontramos aliados no combate a pressão alta. Principalmente, com mudanças de hábitos que só dependem de você, uma boa dose de orientação e outra de boa vontade. “Conforme a condição de saúde do paciente, algumas vezes, apenas medidas não medicamentosas são suficientes para controlar a hipertensão, pelo menos por algum tempo (adiando a prescrição de fármacos)”, contextualiza o dr. Nickolas Nadal, médico cardiologista.

Conhecendo os fatores modificáveis

Os fatores de risco para hipertensão são também, em geral, relacionados com uma série de outras doenças. Neste contexto, destacam-se os maus hábitos alimentares. Uma dieta para controle de hipertensão costuma ter resultado favorável também no combate à obesidade, por exemplo. Não tem jeito: o que colocamos de combustível dentro do corpo (quantidade e qualidade alimentar) interfere diretamente no seu funcionamento.

Cuidados como evitar excesso de gordura e sal são importantes contra a hipertensão, bem como contra a obesidade. Vale também cuidar da qualidade do sono e buscar controlar os níveis de estresse mental.

Uma vida fisicamente mais ativa, ou seja sair do sedentarismo, ajuda a controlar o peso e provoca efeitos positivos como a vasodilatação (relaxamento dos vasos sanguíneos provocando uma melhor distribuição do sangue no organismo). Sugere-se que, para desafiar positivamente o corpo, façamos pele menos 150 minutos de exercícios moderados (sabe aquele esforço que faz o “coração acelerar” e “que falta fôlego”?) por semana, pouco mais de 20 minutos por dia.

Ainda, abandone o tabagismo! Entre outras coisas, o cigarro aumenta os níveis de pressão arterial e contribui, juntamente com a hipertensão, como fator de risco cardiovascular.

É importante lembrar que, na maioria das vezes, não é possível obter a cura da hipertensão arterial. Porém, seu controle pode ser relativamente fácil se forem seguidas as orientações médicas e dos demais profissionais de saúde envolvidos.

            E como vou saber se sou hipertenso?

            Só quem pode determinar isso é um profissional da saúde que, para isso, vai seguir protocolos próprios de medição e investigação. “Quanto antes se descobre, menor será impacto na qualidade de vida, maior facilidade de controle e menor chance de desenvolver uma doença grave. Em geral, a hipertensão só se torna limitante se não forem seguidas as orientações da equipe multiprofissional de tratamento (médico, nutricionista, educador físico, entre outros)”, ressalta o dr.Nickolas.

            Essencialmente assintomática, a hipertensão tem nas consultas periódicas uma grande aliada. Dessa forma, a expectativa é diagnosticá-la o quanto antes, sem consequências maiores.

É assim: sabe aquela visitinha que o agente comunitário de saúde fez na sua casa? Ou ainda, a avaliação que o nutricionista realizou durante a sua consulta? E aquele dia que você fez um check-up? São nessas ocasiões em que você mede sua pressão e que podem levantar bandeiras vermelhas indicando necessidade de maior investigação.

            Depois desta triagem, cabe ao profissional dar direcionamento médico – que pode ser para seu clínico geral de confiança, por exemplo – visando aprofundar a investigação e determinar se há realmente doença e, se houver, qual seu grau. É importante reforçar que, em caso de suspeita clínica de hipertensão, a avaliação médica deve ser agendada ou, caso ocorram sintomas ou alterações tensionais mais significativas, deve-se procurar imediatamente um pronto atendimento.

            Então lembre-se, atenção: por ser uma doença silenciosa, a hipertensão artérial gera danos sem você perceber. Você pode conviver por décadas com a pressão elevada sem nem ter conhecimento do problema e de forma súbita apresentar uma doença que, por vezes, pode ser letal (como infarto e AVC).

Fonte: Dr. Nickolas N. Nadal, médico cardiologista, CRM 27766-PR, em conformidade com as Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial da Sociedade Brasileira de Cardiologia (2020)