Nunca é tarde: alimentação do idoso exige cuidado e favorece qualidade de vida
Se a promoção de uma vida longeva passa pelo pilar de uma alimentação equilibrada e saudável, será que ainda dá tempo para a turma mais experiente se aproveitar disso? A resposta é que dá, sim. Por mais que não seja possível um trabalho que retroceda hábitos errados, a alimentação adequada pode fazer com que seus anos não apenas estiquem, mas ganhem qualidade.
A nutrição tem a capacidade de melhorar o sono, metabolismo energético e funcionamento das células. E, assim como tem dicas que são universais da boa alimentação, alguns cuidados se aplicam especificamente aos idosos, respeitando as características e necessidades do período. São limitações que vão desde a digestibilidade até a mastigação, e que podem ser melhoradas.
Uma das deficiências recorrentes com o público é de proteína. Isso por causa que esta ingestão protéica – encontrada especialmente nas carnes – ter alguns empecilhos, como precisarem de maior tempo de mastigação (gerando desconforto na maxila, inclusive por uso de próteses dentárias) e dificuldade de digestão.
Isso leva a quadros de sarcopenia, que é a perda de massa muscular, devido a ingestão abaixo do ideal. Como no nosso corpo tudo está interligado, isto leva a um sistema imunológico deficitário, com menos disponibilidade de aminoácidos. Ou seja, sequência de efeitos que ocasionam uma saúde frágil.
Como a Vitamina B12 também é adquirida através da carne e a parede intestinal tem menos capacidade de absorção com o passar dos anos, esta vitamina também precisa de atenção. O consumo abaixo do ideal por longo período gera prejuízos cognitivos.
Outro ponto pra ficar de olho são os níveis da Vitamina D. Uma de suas principais atuações é como imunomodulador e a principal fonte é o sol. Somando com a maior presença de intolerância elevada a lactose no pessoal mais velho e esta já pontuada falta de proteína, o trio pode levar a danos na estrutura óssea.
Por que procurar um plano alimentar individualizado
“Às vezes têm alimentos ricos do ponto de vista das vitaminas, mas que aquele idoso não tem a capacidade de digerir e absorver. Então, usam-se outros mais palatáveis, ainda que com menos nutrientes”, expõe a nutricionista Adriane Colaça. Por isso é importante um cuidado individualizado, adequando o plano alimentar conforme necessidade da pessoa.
Vale o reforço –> Como conselho principal (e que vale para qualquer idade) a primeira sugestão é investir em refeições com a tal comida de verdade, ou seja, in natura ou minimamente processada. Junto com ela, vem a dica de pratos variados e equilibrados, garantindo aporte nutricional.
Ao pensar naquela dieta, o seu profissional de confiança vai considerar suas próprias necessidades e ter um olhar específico nos seu caso, inclusive quanto a aceitação dos alimentos. Afinal, com tanta variedade de alimento por aí, com certeza vocês vão conseguir pensar juntos em coisas que agradem ao paladar e ao mesmo tempo te tragam saúde.
Uma das táticas que devem ser adotadas é investir em novas formas de preparo dos alimentos. Tá difícil mastigar a carne? Pratos com carne moída ou desfiadas são ótimas pedida, assim como aumentar o número de ovos da dieta. Não está podendo usar muito sal por causa da hipertensão? Capricha nas ervas, especiarias e temperos naturais para adicionar um saborzinho especial.
Suplementação para a terceira idade
Uma alimentação equilibrada e saudável tem a capacidade de nutrir nosso corpo, certo? Certo. No entanto, algumas coisas fazem com que a absorção de nutrientes importantes ao organismo fiquem prejudicadas. A medicação presente na vida dos idosos pode levar a deficiências de enzimas Q10, zinco e magnésio, por exemplo, ocasionando esta dificuldade.
Por isto, este público é um dos que se beneficia com a suplementação alimentar. “Quando vemos caso de interação medicamentosa é difícil fazer reposição apenas alimentar, porque o medicamento faz bloqueio nesta absorção. Nestes casos trabalhamos com suplementação”, contextualiza Adriane.
Fonte: Adriane Colaça, nutricionista