Pra ficar atento: no público acima dos 60, hipertensão é prevalente

            A gente sabe que quando o tempo vai passando a chance dos problemas de saúde aparecerem aumenta. Alguns são por causa do acúmulo de hábitos errados e outros são favorecidos pelo próprio envelhecimento corporal. A hipertensão é uma destas doenças que, na galera acima dos 60 anos, se torna figurinha carimbada, típica da velhice.

            Em termos de prevalência, a curva de risco da pressão alta acompanha a curva de envelhecimento. Quando pensamos em pessoas acima dos 60 anos, a frequência de hipertensos é de cerca de 65%.

            A hipertensão tem origem multifatorial, ou seja, várias causas ao mesmo tempo. A idade é um destes fatores, devido, entre outros motivos, ao enrijecimento natural das veias com o passar do tempo. Existem também componentes genéticos (que determinam, por exemplo, como seu organismo trabalha com o sal, a água e a forma que seu rim controla a pressão), assim como hábitos de vida, dentre eles o sedentarismo, tabagismo e rotina alimentar.

            “Quando falamos sobre a saúde da população mais idosa, é necessário recordar a fragilidade natural que surge a esta altura da vida. Isso deve ser sempre levado em consideração na hora de se definir o tratamento, procurando evitar ao máximo efeitos colaterais de medicamentos, por exemplo. Outro fator importante é a alta frequência com que se observam outras doenças”, explica o dr. Nickolas Nadal, cardiologista. Ou seja, há uma atenção particular aos demais fatores envolvidos em função da própria idade.

Dentre os efeitos colaterais de medicamentos, pode ocorrer uma oscilação da pressão, inclusive com episódios de hipotensão (pressão baixa) e risco de quedas. É comum notar-se uma queda progressiva da autoestima e eventual associação do aumento da quantidade de medicamentos com o “fim da vida”, mais um motivo para que os profissionais de saúde tenham o maior cuidado ao lidar com esta população. Recursos com a associação de medicamentos em um só comprimido, quando prescrita adequadamente, vem contribuindo para maior qualidade na assistência aos idosos.

Tratamento

Por ser uma doença caracterizada por múltiplas causas, o tratamento também é feito abordando-se frentes diversas, entre eles o ajuste dos hábitos alimentares, o uso de medicamentos e a realização de atividades físicas regulares. Por ser uma doença muito prevalente e abrangente, é indicada a participação de profissionais de saúde de várias áreas.

É por isso que, além de seu médico de confiança – que vai diagnosticar e orientar a conduta – você deve ser acompanhado, se possível, por mais profissionais de saúde, como nutricionista e educador físico, por exemplo.

Para diagnóstico, de modo geral, o primeiro passo é ficar atento a sua saúde. Observar sinais de que algo não está bem e manter alguma regularidade nas consultas preventivas. Fazer o diagnóstico precocemente e iniciar o tratamento prontamente aumenta as chances de sucesso no tratamento e garantem mais qualidade de vida.

“Doenças cardiovasculares matam. É importante reforçar a importância de buscarmos uma relação mais próxima com serviços de saúde primários (Unidade Básica de Saúde ou consultório do seu médico de confiança, por exemplo). Em nosso país ainda prevalece uma cultura de procurar atenção em saúde quando já nota-se um sintoma instalado”, reitera o dr. Nickolas.

O foco necessário é na promoção da saúde, ao invés de apenas um combate à doença. Para isso – em especial no caso de doenças como a hipertensão arterial, onde o tratamento passa por mudança de estilo de vida -, o paciente precisa se responsabilizar mais pela sua saúde e entender os profissionais como parceiros nesta caminhada.

Fonte: dr. Nickolas N. Nadal, médico cardiologista, CRM 27766-PR, em conformidade com as Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial da Sociedade Brasileira de Cardiologia (2020)