Dores Crônicas: conheça nova abordagem de tratamento na ortopedia

Conviver com dor nunca é algo confortável. Além de remédios, uma nova abordagem da ortopedia tem se traduzido em mais mecanismos para pacientes enfrentarem as dores crônicas. As principais diferenças estão no entendimento do local da dor no cérebro, atuação multiprofissional e protagonismo do paciente.

 “Quando começamos a entender o porquê e como está acontecendo esta dor, a gente consegue fazer uma abordagem melhor, com diminuição de seu potencial, a fim de proporcionar melhor qualidade de vida para a pessoa que está sofrendo”, explica o Médico Ortopedista Marcus Vinícius Ribeiro. A nova abordagem de tratamento vê o paciente como um todo, e existe em diferentes áreas médicas. Na ortopedia, vem promovendo mudanças significativas.

O começo é colocar o paciente como protagonista de seu processo de cura. Durante a consulta, há uma avaliação geral do indivíduo, onde são analisadas dosagens hormonais, vitaminas, alimentação, estado geral de saúde e aspectos psicológicos. A partir deste levantamento, o médico desenvolve um plano de tratamento, que prevê uma abordagem multiprofissional (com terapeutas ocupacionais, psicólogos, fisioterapeutas, nutricionistas, por exemplo – cada um com sua devida importância e reconhecendo seus limites de atuação) e medicamentos específicos para esse tipo de dor.

O Dr Marcus Vinícius sentencia: “o paciente deve ser como o ator principal da peça”, ela não vai ter sucesso se não tomar as rédeas do tratamento, ainda que haja um diretor regendo o espetáculo. É necessário paciência e colaboração do paciente. “A magia está na aceitação e entendimento do que está acontecendo, acionando o que precisa ser feito”, reflete.

A abordagem se aplica em casos como fibromialgia, dores de lesões não tratadas corretamente, casos cirúrgicos que por alguma razão as pessoas não podem realizar o procedimento – desde impedimentos clínicos até financeiros. Também, é mais uma opção de tentativa antes da indicação cirúrgica.

            Como é o tratamento

            Ao apresentar algum tipo de dor, há uma busca por medicação para aliviar os sintomas. Porém, como as dores crônica e aguda são diferentes, a farmacologia dos medicamentos também devem ser em sua atuação. Ao utilizar remédio para dor aguda, o efeito não é o esperado e, em geral, são medicamentos mais fortes e que não podem ser usados por longos períodos. Se sim, os efeitos colaterais são graves. A dor pode até passar momentaneamente, mas suspendendo o remédio, a dor volta – ou mesmo nem melhora. Ou seja, são bons para determinados momentos e com indicação médica, mas não podem ser usados indiscriminadamente.

            A nova abordagem propõe um enfoque individualizado – sem receita de bolo que se aplique a todos -, em especial, indicando mudanças de hábito. Alia os medicamentos corretos, boa alimentação, hábitos posturais, fisioterapia, preparo emocional e psicológico. São métodos não-invasivos e que proporcionam eficácia do tratamento. Tudo isso devidamente explicado ao paciente, que precisa do entendimento do que acontece para aderir a este tratamento. Logo, trata-se a pessoa, não a doença.

O que são dores crônicas

            A dor é uma sensação não agradável e que provoca sintomas e sinais. Existem vários tipos, mas pensando em sua durabilidade, podem ser separadas entre aguda (ocasionada por um trauma) ou crônica (com duração entre 3 e 6 meses). Ainda que a gente sinta “uma dor”, esta diferença aciona receptores em partes diferentes no cérebro, dando distintas respostas no organismo, o que também demanda outro tratamento.

            Segundo a Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia. “atualmente, a dor crônica é considerada uma doença e impacta de forma marcante na qualidade de vida dos pacientes. No Brasil, a dor crônica acomete 37% da população. Cerca de 75% dos brasileiros a consideram limitante para as atividades de lazer, relações sociais e familiares”.

As dores crônicas atuam na mesma região do cérebro que as emoções, então, podem ocasionar mal humor, irritabilidade, depressão, isolamento social e dificuldades no sono, por exemplo, afetando diversos aspectos da vida dos indivíduos.

Fonte: Dr Marcus Vinícius de Carvalho Ribeiro, Médico Ortopedista, CRM/PR 13481 – RQE 6615, pertencente ao Comitê de Dor da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia, criado há 2 anos 

Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia