Problemas de fala: confira os sinais de que a criança precisa de um fonoaudiólogo
Sabe aquela história de que o tratamento precoce aumenta as chances de um melhor resultado e em menor tempo? Ela também é super válida quando falamos dos problemas de fala. No desenvolvimento infantil – ainda que respeitando a individualidade de cada criança – existem fases em que se espera determinada competência e, quando não acontece, vale uma investigação.
No caso da fala, o profissional responsável em investigar os possíveis problemas é o fonoaudiólogo. “Buscar orientação cedo é essencial. Como hoje temos muitas patologias que podem afetar o público infantil, qualquer alteração que o pai e a mãe observerm, é necessário procuar ajuda – não só na area de fono. No nosso caso, observar a comunicacação da criança é essencial para entender se o desenvolvimento dela está de acordo ou se tem alterações”, explica a Fonoaudióloga Sabrina Correia dos Santos.
Veja agora os sinais mais comuns para ficar atento:
1º Atraso na aquisição da linguagem
O ideal é que aos 2 anos a criança já tenha um vocabulário próximo de 200 palavras. Aos 3, precisa ter a habilidade de formar frases e interagir com o meio social. Quando isso não acontece, é hora de procurar ajuda.
Estes atrasos tem se tornado mais comum nos consultórios de fonoaudiologia, principalmente pelo excesso de uso de telas. Isto porquê ao assistir vídeos e desenhos não há interação, diálogos e estimulação para a fala, o que gera este atraso. Outros motivos (que são determinados em avaliação) é se a criança ouve bem, processa o que fala ou tem alterações neurológicas.
Bons indicativos que os pais e responsáveis podem observar é, a partir dos 2 anos, se a criança faz contato visual, balbucia e tem intenção de comunicação.
2º Troca de sons
Pode ser muito fofinho ouvir seu filho falando como o cebolinha e trocando o R pelo L, mas a partir de determinado ponto, estas trocas fonêmicas podem impactar seu desenvolvimento. Não são atrasos de linguagem, mas sim desvios fonológicos. E este foi só um exemplo de diversas trocas que podem aparecer, conforme o indivíduo.
Os fonoaudiólogos indicam que, se a partir dos 3 anos a criança tem muitos sons que não conseque adquirir ou que troca, já é um sinal de alerta. Aos 4 anos é uma idade ideal de fazer intervenção, quando o quadro ainda estiver presente.
É importante a correção dos desvios antes da fase de alfabetização. Quando não resolvido, são situações que interferem na aprendizagem de leitura e escrita ou mesmo geram bullying em ambiente escolar.
3º Respirador oral
Que afeta a respiração correta – que precisa ser pelo nariz – a gente até imagina… mas que afeta a fala? Pois é, respirar pela boca altera a flacidez dos lábios, bochechas e língua. E as causas podem ser variadas, desde um desvio de septo até uma adenoide. O reflexo é uma fala com trocas de sons.
Durante as sessões de fonoaudiologia se trabalha o fortalecimento muscular para adequar as funções orais. Os pais podem desconfiar de ser este o caso do seu filho ao perceber sinais como cansaço extremo (já que a criança não tem um sono reparador, em função da respiração prejudicada); recorrência de dor de garganta, amigdalite e gripe; tosse; quadros alérgicos; desenvolvimento da maxila (com mordida oval e aberta).
4º Perdas auditivas
A perda da audição interfere no processo de aquisição de linguagem. Por ser tão importante o diagnóstico precoce, se instituiu o Teste da orelhinha, feito nos recém-nascidos. Nele se identifica fatores de risco ou pré-disposição para perda auditiva. Quando identificado, estas crianças precisam de acompanhamento. Nos consultórios – junto com os médicos – é determinado se precisa do uso de um aparelho auditivo ou implante coclear.
Em casa, sinais de que a criança passa por perda auditiva são de filhos desatentos – quando chamados pelo nome não respondem, por exemplo -; usam dispositivos eletrônicos com som alto; não reagem à sons altos no ambiente – como uma buzina, por exemplo; ou não conseguem conversar sem olhar diretamente para seu interlocutor.
A perda auditiva é uma situação grave, que pode comprometer o indivíduo. Nestes casos, a indicação é procurar imediatamente profissionais qualificados para entender as causas e quais os possíveis tratamentos.
Tratando problemas na fala
Indiferente do porquê você chegou até o consultório de um fonoaudiólogo, o primeiro passo do profissional é fazer uma avaliação completa, a anamnese. Neste momento entende-se o contexto e queixas do paciente, além da parte física. É feita uma investigação completa, onde são observados, por exemplo, a forma que a criança reage aos estímulos da sala, desenvolvimento anatômico, como fala e reage, como respira e o posicionamento correto da língua.
Determinando o problema e causas, é montado um planejamento terapêutico de tratamento. Dependendo da situação, também pode ser encaminhado para outros profissionais – como um psicólogo ou neurologista.
Para exemplificar –>Se o problema é falta de estímulo, como no caso do atraso de aquisição de linguagem, o fonoaudiólogo estabelece treinos do movimento correto, para fazer tanto no consultório quanto em casa.
E fica o reforço de Sabrina: “A estimulação correta e no tempo certo eleva a possibilidade sair do distúrbio. Por isso, como conselho, dizemos para ficar atento à fala de seus filhos e, quando ver algo diferente do esperado, procurar ajuda especializada”.
Fonte: Sabrina Correia dos Santos, fonoaudióloga