Pesquisa dentro de UTI monitora indicadores de qualidade de assistência de enfermagem

Com a pandemia de coronavírus, talvez nunca antes tenha se ouvido falar tanto em internamentos e vagas nas Unidades de Terapia Intensiva. O que o público sabe é que estar em uma UTI representa casos que inspiram cuidados, e que esses cuidados são ministrados mais de perto por uma série de profissionais, como médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem e fisioterapeutas.

            Pensando nisso, uma pesquisa conduzida desde 2018 na Universidade Estadual de Ponta Grossa pela Professora Carla Luiza da Silva, vem procurando entender os números e indicadores da UTI para melhorar a atuação dos enfermeiros no local. A pesquisa segue até 2022 e foca nos pacientes de UTI adultos no Hospital Universitário Regional dos Campos Gerais, pesquisa esta que conta com a ajuda dos enfermeiros do setor estudado.

            E como é a pesquisa: são colhidos dados dos prontuários eletrônicos dos pacientes é realizada a avaliação do internamento, observando informações como idade, sexo, diagnóstico, situações de infecção relacionadas à assistência à saúde e aplicação de protocolos (sem identificação do paciente). Depois, os dados passam por uma tabulação e análise estatística que ajuda a mensurar quais os procedimentos estão com resultados positivos e quais estão deficitários, voltando a análise para a instituição e aprimorando processos, de forma contínua.

“Trabalhamos com esta via de mão dupla. O levantamento dos dados nos dá base para a pesquisa, e voltamos o conteúdo para que a instituição possa aprimorar processos, saber o que está bom e não tão bom. É importante frisarmos que tudo isso é baseado em evidências científicas”, explica a Professora Carla, que coordena o projeto.

            São trabalhados dados retrospectivos e prospectivos. O objetivo final é avaliar a assistência do indivíduo e propor mudanças nos processos de trabalho da enfermagem – também adotando capacitação contínua de serviço  – e visando a segurança do paciente. Os critérios de avaliação são baseados em protocolos internacionais, como da Organização Mundial da Saúde, do CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos) e da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).

Resultados já coletados

Um dos dados já analisados é sobre infecção relacionada a assistência à saúde. A pesquisa confirmou que a adoção do Fast Checklist foi eficiente e ajudou a salvar vidas. O Fast Checklist é um protocolo com 17 perguntas – que deve ser realizado diariamente no leito do paciente, e que observa informações de procedimentos invasivos, alimentação e necessidade de cuidados específicos. Com isso determinam rotinas de retirada e alterações nos procedimentos para diminuir o risco de adquirir infecções.

“Antes era feito, mas não de forma sistematizada, com fácil leitura e entendimento. Com implantação pelos enfermeiros assistenciais e a coordenação da UTI, conseguimos ter dados consistentes que mostram que com um protocolo simples, que não demanda muito tempo, conseguimos melhorar efetivamente a assistência”, reforça Carla.

Fonte: Professora Doutora Carla Luiza da Silva, Chefe do Departamento de Enfermagem e Saúde Pública da UEPG

Nome da pesquisa: “Indicadores de qualidade como estratégia de melhoria nas práticas assistenciais de enfermagem em UTI”.

Estão envolvidos hoje neste estudo 6 professores do Departamento de Enfermagem, enfermeiros do Hospital, alunos de graduação e alunos a Residência Multiprofissional em Intensivismo.

Já foram publicados dois artigos em Revista:

O uso de checklist como estratégia para redução de Pneumonia Associada à Ventilação Mecânica em uma Unidade de Terapia Intensiva Adulto – Revista de Epidemiologia e Controle de Infecção – Qualis B2. Disponível em: https://online.unisc.br/seer/index.php/epidemiologia/article/view/14203

Relação entre pneumonia associada à ventilação mecânica e a permanência em unidade de terapia intensiva (no prelo) – Revista Nursing – Qualis B2