Ginástica Laboral colabora com qualidade de vida do trabalhador; objetivo são exercícios compensatórios aos realizados repetitivamente

Talvez você já tenha trabalhado em uma empresa que ofertasse Ginástica Laboral. Uma vez ao dia, algumas vezes na semana ou mesmo pequenas vezes ao longo da jornada de trabalho. Tudo depende: quem está fazendo, qual função exerce e do objetivo. Mas uma coisa é certa, mesmo que às vezes o funcionário não tenha esta clareza, o foco é sua qualidade de vida e bem-estar.

            E não é difícil imaginar o porquê. O corpo humano precisa de movimento, nossa cabeça de ‘novos ares’ e sentimos no dia a dia a necessidade de dar aquela levantada quando estamos há muito tempo na mesma posição. A diferença é que a ginástica laboral faz tudo isso de forma organizada e pensada.

            Segundo o Conselho Federal de Educação Física expõe, a ginástica laboral é a prática de atividades físicas no ambiente de trabalho, com objetivo de proporcionar uma melhor utilização de capacidade funcional através de exercícios de alongamento, de prevenção de lesões ocupacionais e dinâmicas de recreação. Também, não é obrigatória às empresas e, em geral, é facultativa aos trabalhadores.

O educador físico, Mestre em Ergonomia e que atua na área há mais de 20 anos, Junior Defani, explica que “deve ser focada de acordo com o tipo de atividade que a pessoa está praticando. Trabalha conceitos tanto cognitivos como na compensação da fadiga, algo direcionado pensando em diminuir o estresse fisiológico do trabalhador”.

Ainda, ressalta que a motivação das empresas em implementar este processo são as respostas e resultados alcançados na qualidade de vida, bem-estar, menos queixas de dores nas costas, braços e pernas em função das atividades (tanto em produção, quanto em escritório). “Números identificados nas avaliações dos trabalhadores revelam dados subjetivos de melhora fisiológica, mais disposição, menos fadiga e menos dor de cabeça, por exemplo”.

            E como a ginástica laboral funciona?

            São exercícios de baixa intensidade e que, para ter resultado, precisam ser realizados com maior frequência (em oposição à musculação em uma academia, por exemplo, que é um exercício de alta intensidade). Tudo depende das necessidades do local de trabalho.

Só exercício físico aquilo que é planejado e estruturado. Antecedendo a prática propriamente dita é realizada uma avaliação do grupo que vai participar e de como é constituído: são pessoas mais velhas, mais novas, tem histórico de atividades, trabalho desenvolvido. Isto determina a frequência, quanto e como deve ser aplicada.

            Ela pode ser preparatória, que antecede o trabalho e prepara o corpo para o dia ou compensatória, que foca em alongar os músculos mais utilizados e fortalecer os que não são. Em alguns casos, é feita em um momento específico, mas pode ser dividida ao longo da jornada. No Mundo ideal, seria praticada todos os dias. No cenário de pandemia de coronavírus, também vem sendo aplicada de modo online. Com a prática, é esperado uma melhora da flexibilidade e prevenção de sobrecarga no estresse físico e psicológico.

Como surgiu

            Como o Conselho Federal de Educação Física relembra, o contexto da Revolução Industrial mudou as dinâmicas de trabalho, que passaram a ser com movimentos repetitivos e com rotina sedentária nas fábricas. O início da ginástica laboral remonta a primeira metade do século XX, no Japão.

            Desde então, vem evoluindo e se expandindo para diversos ambientes de trabalho, conforme a necessidade (como nos casos de trabalho repetitivo em linha de produção), desde frigoríficos, agronegócio e indústria automobilística. Indiferente do local de aplicação o objetivo segue o mesmo, buscando a qualidade de vida durante o exercício laboral e proporcionando momentos que gerem qualidade de vida aos trabalhadores.

            Algo que Junior enfatiza é que deve ser vista como um processo. “Um programa tem início, meio e fim, já o processo é contínuo. A prática deve ser feita por todos, começando com o exemplo da diretoria até a linha de frente, porque se não cai em descrédito: porque eu tenho que fazer e fulano não faz”, complementa.

            Tanto profissionais da educação física quanto fisioterapeutas estão habilitados para organizar, planejar e conduzir as práticas.

Fontes: Junior C Defani, Educador Físico, Mestre em ergonomia, atuante na área de ginástica laboral há mais de 20 anos

Conselho Federal de Educação Física