Pesquisa aponta que consumo de vinho associado à atividade física de força traz melhora na saúde; experimento foi desenvolvido com ratos em laboratório
Uma tacinha de vinho, que delícia! E mais, liberada para quem procura mais saúde e qualidade de vida. É este um dos resultados que a pesquisa da Professora Doutora Luciana Lirani alcançou quando pesquisou a ingestão de vinho tinto associada à prática de exercícios de força. Os animais do experimento apresentaram menor Índice de Massa Corporal (IMC), menos gordura visceral e baixa presença de sobrepeso.
A hipótese da pesquisa foi que, se exercício físico faz bem para a saúde e ingerir pequena quantidade de vinho periodicamente também (comprovado por outros estudos) a junção dos dois hábitos poderia apresentar resultados ainda melhores . Em geral, as pesquisas tendem a relacionar exercícios aeróbicos e um dos diferenciais desta foi averiguar exercícios de força (equivalente a musculação), que tem efeito corporal diferente. A premissa foi a base do seu pós-doutorado e é desenvolvida de maneira contínua desde 2014.
O álcool em excesso é prejudicial, mas em pequenas quantidades é leve vasodilatador. O vinho tinto se torna uma bebida mais completa por ter substâncias antioxidantes, chamadas de polifenóis, que vem da casca da uva (com destaque para o Resveratrol). Os polifenóis mantém a saúde das nossas artérias, protege contra entupimentos e mantêm boa a parede das artérias. A quantidade ideal varia conforme peso corporal e gira em torno de 100ml, com ingestão acompanhada da alimentação.
Quanto à atividade física, para efeitos de resultado, o ideal é a prática de pelo menos 30 minutos diários. Este é o mínimo recomendado pela Organização Mundial da Saúde para manter o indivíduo fora do sedentarismo e o que deve ser considerado para avaliar os benefícios conjuntos da prática e ingestão do vinho.
A pesquisa
Foram usados 120 ratos em ambiente controlado de laboratório – que são o equivalente animal em termos de sistema cardiovascular. Eles foram divididos em 4 grupos. O 1º foi de ratinhos sedentários e que não ingeriram vinho; o 2º, de sedentários com vinho; o 3º conteve ratos que apenas praticaram exercício de força – que equivale à musculação; o 4º foi composto por animais ativos e que receberam vinho.
O estudo foi conduzido por 3 meses e foram recolhidos dados no início do experimento, com 6 semanas e ao final. Além de exames físicos e de sangue, foi realizada biópsia de tecidos (gordura, artérias e músculos). A Prof Luciana explica que a literatura com seres humanos apresenta resultados parecidos aos de ratos, o que sugere que as situações podem ser replicadas. Os dados recolhidos são utilizados até hoje para diversas pesquisas diferentes, incluindo dois mestrados.
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Os resultados foram muito significativos. Os melhores indicadores apareceram no grupo 4º, que apresentou diminuição de gordura: visceral, na artéria carótida e muscular; houve baixa nos níveis de colesterol, melhorou a glicemia, triglicemia, e age também a nível celular. O exercício físico tem efeito protetor do sistema cardiovascular, e o segundo melhor resultado foi dos ratos que foram ativos, ainda que sem consumir o vinho. Os dois primeiros grupos não apresentaram diferenças significativas.
“O que varia entre uma coisa fazer bem ou mal é a quantidade de consumo, assim como na alimentação; as pessoas não precisam ter medo do álcool, se for uma ingestão equilibrada e na dose correta. Se a pessoa, ao consumir álcool escolher um produto que traga mais beneficio do que apenas o álcool, que opte pelo vinho tinto”, destaca Luciana. Ou seja, os dados mostram que o vinho pode ser incluído na alimentação, de forma moderada, e que a união de hábitos saudáveis traz consigo um combo de benefícios.
O Brasil ainda é um país sem o hábito do consumo de vinho. Outro objetivo da Professora foi valorizar o produto nacional de alta qualidade, temos ótimo vinhos sendo produzidos tanto na Região Sul quanto no Vale do São Francisco no Nordeste. Ao mesmo tempo em que conscientiza que não é necessário abolir o álcool, e sim inseri-lo na dieta em pequenas quantidades e de maneira correta.
Fonte: Professora Doutora Luciana, Departamento de Ciências da Saúde da Universidade Estadual do Norte do Paraná
Título da pesquisa (desenvolvida com Bolsa Capes): Efeito do treinamento resistido associado à suplementação de vinho tinto sobre parâmetros cardiovasculares e fisiológicos em ratos
A Vinícola Rio Sol foi parceira do projeto
Trabalhos publicados:
ALMEIDA, C. O. P. ; MATOSO, A. ; SCHITKOSKI, T. M. ; LIRANI, LUCIANA S. ; OTA, C. C. C. . Efeito do treinamento resistido associado à Suplementação de vinho tinto sobre concentrações de Colesterol em ratos. In: XII EVINCI UNIBRASIL Evento de Iniciação Científica, 2017, Curitiba. XII EVINCI Evento de Iniciação Científica. Curitiba: UNIBRASIL, 2017. v. 3. p. 23-23.
MATOSO, A. ; SCHITKOSKI, T. M. ; ALMEIDA, C. O. P. ; LIRANI, LUCIANA S. ; OTA, C. C. C. . Alterações morfológicas hepáticas após treinamento resistido e suplementação de vinho tinto. In: XII EVINCI UNIBRASIL Evento de Iniciação Científica, 2017, Curitiba. XII EVINCI UNIBRASIL. Curitiba: Unibrasil, 2017. v. 3. p. 18.
Reginaldo Luiz do Nascimento. Efeitos do treinamento com pesos associado à ingestão do vinho tinto sobre parâmetros sanguíneos: Perfil Lipídico e Glicêmico em Ratos. 2016. Dissertação (Mestrado em Ciências da Saúde e Biológicas) – Universidade Federal do Vale do São Francisco. Orientador: Luciana da Silva Lirani.
NASCIMENTO, R. L. ; MOREIRA, S. R. ; CARNEIRO, M. V. O. ; NUMATA FILHO, E. S. ; OLIVEIRA, R. A. ; LIRANI, LUCIANA S. . Effect of Resistance Training and Red Wine Intake on Lipid Profile in Mice. JOURNAL OF EXERCISE PHYSIOLOGY ONLINE, v. 21, p. 112-121, 2018.