Odontologia integrativa trata sintomas que vão além da boca

Quem já usou aparelho ortodôntico está familiarizado com a cena: dois ou três anos usando, recebe alta, tira o aparelho e o que acontece? Aquele dente cisma em voltar para o seu lugar tortinho de antigamente. Será que colocar o aparelho novamente é a solução? Pode ser que sim, mas tem um ramo da odontologia que vem mostrando que o olhar integrativo pode ajudar a solucionar e evitar problemas como este.

            A odontologia biológica ou integrativa expande o olhar para além da boca, compreendendo tudo o que passa no organismo do paciente como uma influência e que pode impactar naquela região. No exemplo do dente torto, um estudo do sistema pode apontar problemas respiratórios que interferem na dentição e mesmo aspectos motores da mordida.

Ou seja, os tratamentos de cárie continuam, colocação de aparelho, a aplicação de flúor e implantes, mas o profissional vai além de consertar as intercorrências.

“O interessante do pensamento integrativo é uma análise pelo médico e o dentista do que pode ser tirado de interferência na saúde do paciente. Tratamos a boca, mas de modo integrativo: é o entendimento de avaliar o que acontece na boca que pode interferir no tratamento do médico”, explica a Dentista Regeane Kaniak, especialista no ramo. Para chegar neste ponto as funções e limites de cada profissional deve estar clara, e todos trabalham em conjunto.

O olhar integrativo na odontologia

            O primeiro passo desta abordagem é compreender que pessoas têm naturezas distintas: físicas, genéticas e biológicas. Pensa-se no ser humano como um todo, com o entendimento que os moldes clássicos podem não ser bons individualmente.

–>Para exemplificar: Imagine um paciente que quebrou um dente. Ele chega ao consultório e, ao invés de apenas consertá-lo, um dentista integrativo busca entender o porquê quebrou, investigando se existe problema na mordida, falta de nutrientes, ou excesso de força por tensões ou medicações que toma.

            Um primeiro elemento é observar as alterações sistêmicas que o paciente tem. É nesta hora – na anamnese – que se conhece o histórico médico, estilo de vida, presença de doenças autoimunes e tratamentos medicamentosos que faz uso, por exemplo. É o caso de analisar desde diabetes e hipertensão até doenças degenerativas.

E na parte da boca, os detalhes na anamnese são minuciosos: quando perdeu cada dente, fez implante ou trocou uma restauração, fazendo paralelo para outros adoecimentos e sua possível correlação.

            “Vivendo o dia a dia profissional, vemos de perto as particularidades e diferenças entre os seres humanos. Com este olhar ampliado, buscamos mais saúde e o tratamento das causas das doenças, em oposição a focar apenas nos sintomas que resultam de problemas não resolvidos”, afirma Regeane.

Fonte: Regeane Kaniak, CRO 13302