Fisioterapia pélvica trabalha exercícios de fortalecimento para o assoalho pélvico
Entre tabu, vergonha e desconhecimento, tem muita mulher por aí sofrendo de incontinência urinária e dificuldades sexuais caladas. A fisioterapia pélvica feminina é uma das práticas que vem para melhorar a relação das mulheres com seu corpo, promovendo autoconhecimento e fortalecimento do assoalho pélvico como um todo. E isso reflete em prevenção de doenças.
A modalidade ajuda a restaurar a função urinária, evacuativa e sexual e vem ganhando adeptos nos últimos anos. O assoalho pélvico é formado por um grupo de músculos, ligamentos e fáscias, que sustentam órgãos como bexiga, útero e intestino. Ao trabalhar com o conjunto de músculos responsável por ‘segurar’ estes órgãos, promove consciência corporal e reabilitação das disfunções. E os resultados logo aparecem.
O primeiro passo é uma anamnese e avaliação completa, quando o profissional determina as causas e problemas, para indicar um plano de tratamento. As sessões acontecem de 1 a 2 vezes por semana – de 8 a 20, no total – dependendo do caso e aderência do paciente ao tratamento (seguindo em casa as orientações). São avaliadas fibroses, cicatrizes, musculatura superficial e interna, coordenação dos músculos e sensibilidade (nervos).
E sabe como é o do tratamento? Explicando tudo sobre o assoalho pélvico, mostrando onde está o clitóris, a uretra, canal vaginal e ânus, bem como suas funções. Adquirindo consciência corporal e com a prática de exercícios, a mulher será capaz de controlar a musculatura.
Os exercícios envolvem principalmente contrair e relaxar a região do assoalho pélvico, evitando movimentar junto abdômen, glúteo e parte interna das coxas. Dependendo da situação, trabalha-se mobilidade articular da pelve junto com os movimentos do assoalho pélvico, alongamentos perineais, massagem perineal e liberal miofascial.
Para alcançar resultados, pode usar técnicas de terapia manual, dilatadores vaginais, massageadores e vibradores, ben wa, aparelhos para quantificar e fortalecer o assoalho pélvico, laser e correntes elétricas.
“O importante é manter os exercícios. Para continuar com os benefícios, eles devem ser continuados ao longo da vida, seguindo as orientações e aprendizados dentro do consultório”, contextualiza Karina Panato, fisioterapeuta pélvica. Em sua visão, é um resgate do prazer, qualidade de vida e autoestima.
Você pode chegar até a especialidade por indicação médica ou vontade própria, ao detectar a necessidade. Afinal, sentir dor não é normal, não é? Busque profissionais sérios, que possam te orientar neste processo. Esta especialidade não tem contraindicações e também pode ser feita por crianças e homens, tratando qualquer disfunção uroginecológica.
Principais indicações
Falando na incontinência urinária, Karina explica que ela pode piorar de acordo com o número de filhos, sobrepeso e atividade física (excesso de peso). Pode iniciar com simples atos de tossir, espirrar, rir muito, na hora do agachamento na academia, podendo levar aos prolapsos genitais (que talvez você conheça como bexiga caída).
Como o problema e frouxidão começa devagar, a mulher vai se adaptando, mudando as roupas, hábitos e até começa a usar absorvente diário, por exemplo. Ou seja, tomando medidas que lidam com os efeitos, mas não com a causa. Com as práticas propostas pela especialidade, há o gradual fortalecimento e diminuição e/ou solução da incontinência. Por isso, quanto antes procurar ajuda (preferencialmente com uma abordagem preventiva), melhor.
Já na parte sexual, impacta tanto as relações íntimas quanto conseguir realizar sem dores exames ginecológicos e fazer uso de coletores menstruais. Além da dor, colabora no tratamento de outras disfunções, trata o desejo, aumento de libido, melhora na lubrificação e facilita o orgasmo.
“Se a pessoa não teve boas experiências, tende a contrair a musculatura, o que gera ainda mais dor”, ressalta Karina, explicando que a técnica promove uma busca pela reconexão íntima e autoconhecimento, incentivando a mulher se conectar com sua vulva.
Karina, inclusive, incentiva as pacientes a terem espelhos em casa e conhecerem a região íntima, bem como para continuarem com os exercícios de fortalecimento, sentindo e entendendo os ‘comandos’. “Precisamos de um olhar com respeito, entendendo que quando uma das funções do assoalho pélvico não está legal, prejudica a outra”, diz.
A fisioterapia pélvica é também indicada na gestação, para facilitar o parto; constipação intestinal; laceração pós-parto; início de vida sexual; pós-cirúrgico; e em caso de câncer na região.
Fonte: Karina Panato, fisioterapeuta