Excesso de uso de telas por crianças prejudica desenvolvimento da fala

Um Mundo conectado e com fácil acesso aos meios eletrônicos tem trazido diversos reflexos para a sociedade, tanto bons quanto ruins. Quando inseridos com moderação, são saudáveis e benéficos. Já o excesso do uso de telas pode prejudicar os indivíduos. Uma das consequências negativas tem sido o desenvolvimento da fala das crianças.

            Se até 5 anos atrás o problema mais comum encontrado nos consultórios de fonoaudiologia no público infantil era a troca de sons, hoje já é o atraso na aquisição de linguagem. Dentre as causas, as telas aparecem como uma das principais razões para o fenômeno. Com a pandemia de coronavírus, período de confinamento e sem ambiente escolar, o excesso das telas ficou latente.

            A explicação está na falta de interação proporcionada pelo videogame, celular, televisão, tablete, smartphone e afins. Sem o estímulo e diálogo, as crianças conseguem entender a mensagem, mas não necessariamente reproduzi-la. É aí que acontecem casos, por exemplo, de crianças que identificam os números de 1 a 10 – até em inglês! – mas não conseguem articular oralmente o que eles são.

“Temos observado que a aquisição de linguagem não tem acontecido de maneira ideal com todas as crianças, como era comum antigamente. Para que este processo aconteça, precisamos reproduzir o que a gente aprende, interiorizando o conhecimento. Sem esta prática de fala, a criança não consegue desenvolver vocabulário”, explica a fonoaudióloga Sabrina Santos.

Segundo estudos científicos de avaliação técnica, pediatras desaconselharam qualquer uso de telas para crianças de até 2 anos. Conforme o avanço da idade, aumenta a possibilidade do número de horas. De 2 a 5 anos, há permissão de 1 hora de uso diário. Dos 6 aos 10 anos, 2 horas. Dos 11 aos 18, chega-se há 3 horas, o que segue como recomendação máxima aos adultos também.

            Quando procurar ajuda

            Em um cenário ideal, aos 2 anos a criança já deve ter um vocabulário próximo de 200 palavras. Aos 3 anos, precisa ter a habilidade de formar frases e interagir com o meio social. Se este não é o caso de seu filho ou criança que convive, é hora de procurar ajuda.

Assim como em outras situações, procure não deixar a situação se agravar e busque avaliação a partir dos 2 anos, quando já identificar o caso. Bons indicativos que os pais e responsáveis podem observar é se a partir desta idade a criança faz contato visual, balbucia e tem intenção de comunicação.

O fonoaudiólogo é o profissional responsável por identificar e avaliar o atraso de linguagem. Ainda que o excesso de uso de telas seja um dos principais elementos que causam o atraso da linguagem, ele pode ter outras causas.

No consultório, será feita anamnese completa, com avaliação geral da criança. Entende-se o contexto e queixas do paciente e se existem problemas físicos – por exemplo, desenvolvimento anatômico, respiração e posicionamento da língua.

Determinando o problema e causas, é montado um planejamento terapêutico de tratamento.Em geral, os casos de atraso de linguagem são resolvidos com estimulação dentro do consultório e exercícios para serem praticados em casa, com auxílio dos pais.Se for o caso, pode haver o encaminhamento para outros profissionais para tratamento e avaliação, como psicólogos e neurologista.

Fonte: Sabrina Correia dos Santos, fonoaudióloga