Ergonomia: adaptações no ambiente de trabalho garantem saúde a longo prazo

Além da sua própria casa, qual é o local em que você mais passa seu tempo? Em geral a resposta é: no trabalho. Se é o seu caso, fica a dica de que a ergonomia é fundamental para evitar lesões ocupacionais, garantir sua saúde em longo prazo e facilitar o desenvolvimento das atividades laborais.

            E não é um bicho de sete cabeças não, viu! Apesar do nome talvez não ser tão conhecido, a ergonomia diz respeito às adaptações das condições de trabalho – ambientais, estruturais, emocionais e cognitivas – em consonância com as características psicofisiológicas das pessoas. Simplificando, quer dizer que cada equipamento, local e situação fique confortável para a execução da atividade a que se propõe.

            Quer um exemplo? Ergonomia é o que determina a quantidade ideal de intervalos durante a jornada da sua profissão, e onde ela deve acontecer. Também é ter uma carga de trabalho condizente com a capacidade da pessoa, sem sobrecarregá-la física e emocionalmente. Ainda, ter um posto de trabalho adequado ao perfil do usuário, uma mesa de escritório na altura certa, com cadeiras que permitam uma postura adequada. No fim, o resultado visado são profissionais produtivos e com qualidade de vida.

Para saber → Às vezes, a perda pode parecer pequena no momento, mas a falta de ergonomia impacta a vida da pessoa dentro e fora do ambiente de trabalho. Como exemplo, podemos citar a perda auditiva induzida por ruído (que além dos gastos médicos, leva a perda de qualidade de vida) e lesão por esforço repetitivo (que limita a capacidade laborativa).

“Longevidade laboral é o principal reflexo de uma ergonomia bem aplicada, e se relaciona com a qualidade de vida dele dentro e fora da empresa. O trabalhador que consegue estar dentro de um ambiente saudável, provavelmente vai poder desfrutar de uma aposentadoria com saúde”, explica Junior Defani, educador físico e mestre em eng. ergonômica. Por isso, a aplicação envolve conhecimentos de engenharia, área médica e preventiva, como de fisioterapia e educação física.

Tipos de ergonomia

            No Brasil, a ergonomia abrange três instâncias, a organizacional, cognitiva e biomecânica. A organizacional pensa em termos de como organizar as jornadas e o ambiente – como horas de trabalho, pausas, turnos e arranjo físico. Interessa-se pelas características da anatomia humana, antropometria, fisiologia e biomecânica e sua relação com a atividade física.

 A biomecânica trata das estruturas físicas que compõem, que são os mobiliários, transporte de cargas e ritmo de trabalho. Já a cognitiva é mais subjetiva, que é ter um processo dentro do trabalho que permita ao trabalhador tomadas de decisão com autoridade e autonomia.

            Para orientação e fiscalização, a aplicação é regida pela Norma Regulamentadora 17. Ela surgiu em junho de 78 sendo reformulada na década de 90 e em 2021, quando trouxe parâmetros mais claros sobre o assunto. Vale o destaque que a obrigação de uma análise ergonômica é exigida por lei e que as Microempresas, Empresas de Pequeno Porte e Microempreendedor Individual não são obrigados a elaborar a análise ergonômica do trabalho, mas devem atender todos os demais requisitos estabelecidos nesta NR, quando aplicáveis.

            Ao tratar de forma séria a aplicação nos postos de trabalho, no início é necessário certo investimento do empregador. No entanto isto se reflete em produtividade e diminuir riscos de multa. “Pessoas saudáveis rendem mais, são mais alegres e trazem resultado. É uma roda que gira no sentido positivo no crescimento da organização”, destaca Junior.

Sinais de que no seu trabalho pode estar faltando ergonomia

Como é composta de um conjunto de ações, pode ser que você demore a perceber que algo está errado no seu trabalho. Mas, é possível ficar atento a alguns sinais em seu cotidiano de que em seu ambiente de trabalho precisa ser melhorado. E estes sinais são relacionados especialmente com dores persistentes.

No aspecto cognitivo, fique atento às enxaquecas, cansaço visual, fibromialgia e dores em partes do corpo não relacionados diretamente ao ofício, por exemplo. Na parte biomecânica e estrutural, fique atento a fadigas específicas – como articulações e músculos – que podem ser sinal de processos inflamatórios. Quando não tratados levam a tendinites, bursites e outros problemas relacionados as conhecidas doenças ocupacionais.

Fonte: Junior Defani, educador físico e mestre em ergonomia