Pesquisa visa entender impactos na saúde e qualidade de vida em pacientes com micro lesões em vasos do coração
Quando bate uma dor no peito, todo mundo sabe que o assunto é sério e precisa de investigação. A obstrução de artérias no coração pode levar o paciente a um infarto, e por isso, é realizado o exame do cateterismo cardíaco. Existem casos em que é comprovada esta obstrução em algum grande vaso, já em outros, não é possível encontrá-la nas artérias maiores, porque o problema está em vasos menores do coração. E é justamente para esses casos que é voltada a pesquisa do Professor Doutor Mario Augusto Cray da Costa, da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG).
Iniciada em agosto, a pesquisa vai entrevistar durante um ano os pacientes atendidos pela Santa Casa de Misericórdia de Ponta Grossa que derem entrada por dor no peito e sejam conduzidos para o cateterismo. A entrevista é feita através de um questionário montado pelos pesquisadores, associado a outros dois já existentes e validados cientificamente para o estudo da qualidade de vida dos pacientes com angina.
A hipótese da pesquisa é de que, ainda que não apareçam em exames, os resultados das pequenas lesões geram impacto na qualidade de vida e saúde geral dos pacientes. Esses mesmos questionários serão reaplicados após 6 meses para acompanhar a evolução, principalmente daqueles que não tiverem obstruções nas artérias coronarianas comprovadas pelo cateterismo, ou seja, os casos de angina microvascular, em que o problema está nos vasos menores do coração.
Os dados coletados vão mostrar a porcentagem dos pacientes que possuem dor no peito e que na verdade são portadores da angina microvascular. “Através dos resultados, queremos chamar a atenção da classe médica e leiga de que a angina não está relacionada somente à lesão de um grande vaso, porque ela pode existir também com lesões nos micro vasos, que não conseguem se ver através do exame, mas que merecem atenção” destaca o coordenador do estudo, Professor Doutor Mario Augusto.
Resultados
O estudo é realizado em parceria entre o Departamento de Medicina da UEPG e a Santa Casa de Misericórdia de Ponta Grossa, e ocorrerá durante os próximos dois anos. Os estudantes serão responsáveis pela coleta dos questionários e organização dos dados coletados, através dos quais desenvolvem suas Iniciações Científicas e posteriormente desenvolverão seus Trabalhos de Conclusão de Curso.
Os questionários foram formulados com perguntas objetivas e serão realizados por amostragem de oportunidade. Serão coletados dados de doenças pré-existentes e aspectos clínicos do paciente. Já para o questionário de qualidade de vida, os instrumentos de pesquisa são o “Seattle Angina Questionnaire” e o “36- Item Short Form Survey Instrument (SF-36)”.
Esta é uma doença que só recentemente tem recebido atenção da área médica e, no Brasil, ainda são poucos os estudos conclusivos. Se não tratada, a longo prazo, além dos impactos na qualidade de vida, a angina microvascular pode levar a uma insuficiência cardíaca, comprometendo a função do coração. A pesquisa é uma fase inicial de estudos clínicos observacionais, que posteriormente poderá partir para pesquisas intervencionistas, ou seja, focando na intervenção com medicamentos.
Entendendo a motivação
O estudo foca em pessoas que apresentam dor no peito, a qual pode acontecer devido à falta de suprimento sanguíneo adequado ao coração. Sempre que existe essa situação e a suspeita for de origem cardíaca, é necessária uma investigação mais minuciosa. O que se observa é que, em diversos casos, o paciente faz o cateterismo cardíaco e não são documentadas estas pequenas obstruções nas artérias. No entanto, o paciente sente a dor e tem a falta de circulação documentada por outros exames, que não o cateterismo. Assim, há a comprovação das alterações, que são compatíveis com a dor do paciente.
Em alguns casos, este quadro está relacionado à angina microvascular, apresentando problemas obstrutivos ou funcionais, impedindo o suprimento adequado de sangue ao coração. “Infelizmente, muitos pacientes diagnosticados com a angina microvascular ficam um pouco negligenciados pela medicina, porque às vezes quando tem o laudo de cateterismo sem obstrução coronariana o médico que o atende deixa de valorizar essa dor, interpretando até como falso positivo o exame”, explica Mario Augusto. Nesses casos, deixa-se de tratar adequadamente a doença.
Fonte: Professor Doutor Mario Augusto Cray da Costa, CRM 13550 PR – RQE 9470- RQE 9471
Professores envolvidos:
Estão envolvidos os professores Mario Augusto Cray da Costa, Elise Souza dos Santos Reis, Ricardo Zanetti Gomes e Marcelo Derbli Schafranski
Alunos envolvidos:
Ana Carolina Mello Fontoura de Souza, Luiz Henrique Vargas de Andrade e Tiago Souza.