Já ouviu falar do paladar infantil? escolher apenas alimentos que gerem prazer caracteriza condição

O que você escolhe diariamente para colocar no seu prato: feijão, arroz, bife e salada ou vai de lasanha congelada a todo o momento? E para os lanches, as frutas aparecem? Quando as opções saudáveis não tem vez na sua alimentação – com foco exclusivo em alimentos prontos e com aditivos artificiais – e, principalmente, com escolhas pautadas pelo prazer, pode ser que você esteja com o paladar infantil.

            Ele é caracterizado por um paladar menos amadurecido, como se fosse uma criança escolhendo o alimento pelo sabor e prazer que gera, ao invés de racionalizar se a escolha é saudável, nutritiva ou não. O critério do que comer se resume basicamente a: é gostoso? Também são rejeitadas novidades e texturas. O que exclui uma variedade de alimentos e deixa a pessoa restrita.

            Isso pode acontecer por diversos fatores, inclusive por predisposição genética. Porém, o que impacta mais significativamente são nossos hábitos alimentares construídos desde a infância. Questões como exposição a açúcar antes dos dois anos de idade; temperos prontos (com glutamato de sódio, flavorizantes e conservantes); excesso de comidas prontas e alimentos industrializados com aditivos artificiais.

Vale a ressalva que o paladar infantil é quando estes hábitos perduram ao longo do tempo. É diferente daqueles dias depois de uma cirurgia no dente ou de amígdala em que você precisa comer comida pastosa ou gelada, para alívio da dor. Ao contrário, são escolhas diárias. Ainda, fica o destaque que podem existir momentos e condições que favorecem a condição, como o autismo, transtorno compulsivo e depressão.

Para entender → Nossas papilas gustativas, quando expostas a um excesso de aditivos artificiais, recebem sensações – inclusive a nível de sistema nervoso central – que relacionam estes sabores a prazer. Fazendo disto um hábito, alimentos como frutas e verduras serão menos saborosos para estas pessoas, por estarem com as papilas ‘sujas’. Há uma perda de referência de sabor. O que as afasta ainda mais de escolhas saudáveis, reforçando o ciclo negativo.

            Quais indícios indicam um paladar infantil? E mais, como mudá-lo?

            Além da identificação por um nutricionista, através da observação é fácil de percebê-lo e também se auto-avaliar. Ele acontece quando há preferência por alimentos macios, sem dificuldade de mastigação e deglutição; quando tem rejeição por determinados alimentos, especialmente experimentar novas opções; tendência a achar que falta sal nas comidas; situações em que após a refeição salgada sempre precisa de um doce; se tem um verdinho ali no prato, sem chance de comer o restante; náuseas.

            Estes fatores são indícios de um paladar distorcido, principalmente se persistirem por muito tempo. “Vemos um aumento das pessoas buscando um prazer na comida, sensações, alivio de estresse e ansiedade, prazer em se alimentar, o que leva a comer menos alimentos nutrivios e  buscar opções cheios de aditivos. Este é o nosso desafio, que a pessoa sinta o mesmo prazer em comer saudável”, explica a nutricionista Lorene Yassin.

             A mudança de paladar passa essencialmente pelo conhecimento. O primeiro passo é identificar o problema, tomar consciência e desejar a mudança. Deve-se estabelecer uma relação com o alimento para além do sabor, buscando conhecimento dos seus benefícios; como será bom para sua saúde a longo prazo; conhecer os alimentos. Com entendimento vem o aprendizado do que se deve comer para mais saúde e qualidade de vida, e consequentemente, fazer melhores escolhas.

            E quanto antes aconteça a tomada de consciência e mudança, melhor. A longo prazo, as carências nutricionais ocasionadas por uma alimentação pautada em prazer levam a situações como dificuldade do raciocínio e pensamento, dores, insônias, problemas no metabolismo, compulsões, problemas musculares, obesidade e doenças crônicas que dependem de alimentar equilibrada (como diabetes e hipertensão).

Fonte: Nutricionista Lorene Yassin