Depressão sazonal: quando a influência do clima vira um problema

Você pode até não gostar de dias seguidos com frio e chuva, mas é quando isso começa a ter impactos mais profundos no seu cotidiano que uma doença ainda pouco conhecida se manifesta, a depressão sazonal. Extremos meteorológicos gerar certa apatia é esperado, mas quando afetam o seu dia a dia, algo não está certo.

            Geralmente associada ao inverno – e em especial lugares com menor incidência solar – está relacionada com desafios pessoais relativos ao clima, ambiente e temperatura. Ela afeta a sua qualidade do sono, diminuem o ânimo e eleva o cansaço, podendo gerar sentimentos de tristeza, melancolia e ansiedade.

            O sinal de alerta é a partir do momento que o sentimento passa a afetar o rendimento, seja na vida pessoal ou profissional. “Um bom medidor para saber se a apatia está além do normal é quando afeta o desempenho diário, e neste momento é hora de procurar ajuda médica e psicológica”, contextualiza a psicóloga Bruna Fillus, reforçando que este é um transtorno psicológico diagnosticado.

Um dos tratamentos possíveis, a psicoterapia pode colaborar para aprender a lidar com a situação, reconhecendo gatilhos e desenvolvendo mecanismos para que novas oportunidades não desencadeiem estes episódios. Ou seja, ao entender as causas reais, pode conseguir lidar sem se deixar impactar negativamente. Ainda, quanto antes você procurar ajuda, menor é a chance de gerar problemas mais profundos.

Para entender –> Ok, você não gosta de chuva e já sabe disso. Mas, ao olhar mais a fundo na questão, pode entender que nestas ocasiões o problema é que acaba não podendo ficar ao ar livre, o que te faz bem. E o sentimento de confinamento gera frustração. No fim, você descobre que a chuva é um gatilho, mas que a causa é outra. Dentro do processo de terapia, pode pensar em artifícios de como amenizá-la. Por exemplo, buscando visitar a casa de amigos, trazer plantas na decoração do ambiente ou investir em uma roupa à prova d’água que te permita pequenos passeios.

            Uma das sugestões é fazer substituições, ao invés de compensações. As compensações são problemáticas porque podem desencadear outros problemas. O negócio é pensar em atividades alternativas possíveis naquele momento, tentando olhar com positividade para as condições climáticas. Afinal, estamos sujeitas a elas e, cá entre nós, não tem muito como alterá-las, não é?

            Encontrar atividades que possam ser prazerosas – mesmo em meio a dias e dias de chuva que não para – joga para longe o olhar negativo e aproxima a sensação de bem-estar. No fim, é uma mudança de postura perante àquela condição.

            Um dos grupos que tende a ficar mais suscetível a casos de depressão sazonal são das pessoas com doenças crônicas. Isso por quê o frio causa certo enrijecimento muscular, que associado as doenças já instaladas, podem dificultar ainda mais os dias de clima menos ameno, sendo um fator estressor. Neste caso, vale a pena ter um olhar mais atento e procurar substituições que permitam passar pelo período de forma suave – roupas quentinhas pra quê te quero! Mesmo que não correspondam ao seu ideal estético.

            Outro componente importante para fortalecer a saúde mental é ter hábitos saudáveis, em especial de alimentação, sono e exercício físico. “A prática dentro de um habito saudável, com rotina, consegue ter boa regulação geral da saúde tanto física quanto mental. Por isso, manter estes pilares colabora para que passemos pelas dificuldades, sentindo menor impacto”, enfatiza Bruna.

Fonte: Psicóloga Bruna Fillus, CRP 08/25902