Infarto e mulheres: sintomas típicos são diferentes entre público feminino e masculino
Quer ver um sintoma clássico e reconhecido de infarto? Dor súbita, de intensidade forte no peito. De fato, este é um dos pontos a serem observados. Porém, entre o público feminino, não é necessariamente o que mais aparece. Ou seja, se você é mulher, o conjunto de sintomas pode ser diferente. E precisamos falar sobre isso!
Infarto estatisticamente acomete mais homens que mulheres. Por isso, sintomas característicos do público masculino acabaram se tornando mais conhecidos da sociedade. Como a velocidade de atendimento está diretamente relacionado a menos complicações, dar visibilidade a como afeta mulheres é um dos pontos para incentivo e conscientização que se busque ajuda logo nos primeiros indícios.
Os sintomas mais comuns nelas são dor em localização não frequente (abdominal alta, epigástrica e nas costas), sudorese e agitação. Por serem menos característicos, podem ser confundidos com outras doenças e até minimizados em grau de importância. Mesmo profissionais de saúde podem demorar a reconhecê-los como sinal de que algo mais sério precisa ser investigado. O que ocasiona na demora das mulheres em buscar ajuda e também que, ao buscarem esta ajuda, sejam atribuídos como sintomas de doenças menos graves, como “crises de ansiedade”, por exemplo.
O problema é que em casos de infarto, o tempo é fator chave. Quanto maior a rapidez na intervenção, antes é feita a desobstrução da artéria, menor as chances de complicação (como insuficiência cardíaca) e melhor resultado final. Ou seja, rapidez no atendimento reflete na qualidade posterior na vida do paciente.
Outra diferença entre os públicos
Além dos sintomas, outra diferença aparece na idade de risco. Como durante a fase reprodutiva, o estrogênio aumenta a proteção cardiovascular, a preocupação entre as mulheres se acentua a partir dos 65 anos (quando a produção deste hormônio diminui). Enquanto com os homens, o cuidado é a partir dos 55 anos.
Fica a ressalva –> Estas idades representam a média geral, mas a necessidade de acompanhamento depende de outros fatores de risco, como hábitos de estilo de vida e histórico familiar. A abordagem preventiva, por sua vez, é indicada a partir dos 40 anos, com avaliação cardiológica global – parte metabólica, pressão arterial e estrutura do coração. Com regularidade, deve acontecer a partir dos 55 anos dos homens e 65 das mulheres.
Entre os hábitos que influenciam em doenças cardiovasculares se destacam o sedentarismo, má alimentação e tabagismo. “Precisamos ter um olhar diferente entre homens e mulheres. Como o acompanhamento anual delas é feito com ginecologista, pode acontecer de faltar reforçar o risco do resultado dos exames e não se limitar aos valores de referência. É importante uma abordagem de: o seu perfil de risco cardiovascular é este, com orientação de como agir para retardar ou evitar o aparecimento de problemas”, explica o cardiologista Leandro Zardo. A estimativa de risco é feita através de perfil lipídico.
O médico reforça que quando as pessoas entendam qual é a meta, a adesão é facilitada. E uma abordagem específica do fator de risco de doença cardiovascular por parte dos profissionais da saúde que fazem acompanhamento é necessária, aproveitando melhor os resultados de exames.
Fonte: Leandro Zardo, cardiologista CRM/PR: 32.675, RQE: 24.714