Musicoterapia: entenda como os sons e experiências musicais podem virar ferramenta de terapia
A música envolve e embala a vida. E, olha só, também é terapia! Para sua aplicação existe a figura do Musicoterapeuta que a utiliza como ferramenta para desenvolver habilidades na área física, motora, sensorial, emocional, social e cognitiva das pessoas.
Como técnica ela usa os sons e as experiências musicais (composição, improvisação, recriação e audição), criando estratégias de intervenção para atingir os objetivos daquele indivíduo ou grupo. Por isso, atende públicos com objetivos diversos: educacional, saúde mental, sociabilidade, gerontologia, neuropediátria, hospitalar e área organizacional de empresas, por exemplo.
E sabe o que é legal? Além da necessidade de terapia, o requisito é gostar de música. Só isso. Não precisa saber cantar ou tocar instrumentos, muito menos ter estudo musical. Afinal, o ponto não é aprender música e sim usá-la como instrumento de transformação, reabilitação e autoconhecimento.
Para entender –> Ouvir música é muito gostoso. Ela tem o poder de resgatar memórias, alegrar momentos e até te dá mais concentração para o trabalho. Mas vale destacar a diferença: a musicoterapia se apropria destas qualidades em uma abordagem terapêutica, baseada em evidências científicas, para usá-la de ferramenta de desenvolvimento do ser humano.
“A musicoterapia proporciona a integração completa do ser humano, onde ele consegue ser ele sem máscaras, amarras, sem se prender a pré-julgamentos, sendo ele mesmo. Construímos um ambiente onde se consegue falar dele próprio sem a vergonha e sem pressão”, explica o musicoterapeuta Thiago Pauluk, que atua na área há 10 anos.
Com exceção de indivíduos com alta sensibilidade a sons ou que não tenham empatia com a música, ela não tem contra indicação! Alguns casos que se beneficiam especialmente são os autistas, pessoas com paralisia cerebral, transtorno de déficit de atenção, com sequelas de AVC (acidente vascular cerebral), síndrome de down, depressão, esquizofrenia, dependência química, idosos em geral, pessoas com Alzheimer e Parkinson. Para além de doenças instaladas, pode ser feita para produção de qualidade de vida.
Como é o tratamento
O paciente – que chega através de encaminhamento médico ou por busca própria – passa inicialmente pela anamnese, com histórico completo e apresentando seu objetivo com a terapia. Na sequência, é feita uma entrevista inicial com preenchimento de ficha musicoterapêutica.
Nela constam as informações de vivência sonora musical que a pessoa teve. Aqui entram as canções da infância, músicas que os pais gostam, envolvimento musical na família, artistas referenciais e instrumentos que já teve contato, por exemplo. A partir disto, o terapeuta começa a avaliação de sua condicionalidade em relação à música e instrumentos musicais.
Neste momento são observados, conforme a necessidade, as habilidades motoras, de linguagem, percepção auditiva, motricidade… Existe o cantar? Ele é simultâneo, temos sincronicidade? Como é a expressão de si em relação ao outro? E todas estas respostas culminam com um plano terapêutico voltado para as necessidades individuais ou do grupo, transformando dificuldades em habilidades e capacidades.
E daí começam as sessões (que tem por volta de 45 minutos). No ambiente serão explorados a voz e instrumentos: tem chocalho, bongô, tambor, violão, piano, teclado, flauta, música gravada, música ao vivo, tem até silêncio quando necessário. Outros recursos pedagógicos são os jogos (Estamos com o baralho, se a minha carta for maior que a sua, eu escolho a música do dia). O que usar depende das afinidades do paciente.
Para entender –> Imagine uma criança com transtorno de déficit de atenção. Ela tem o pensamento acelerado e tendência em fazer tudo rapidamente. Durante a terapia, cabe ao profissional desenvolver intervenções para que ela consiga ouvir o outro, se ouvir, acompanhar os demais e ter a empatia de se inserir no tempo coletivo.
Por quê procurar um profissional com formação
Parece óbvio, mas às vezes, com o tanto de novas terapias por aí, é bom a gente te contar: só é musicoterapeuta que tem a graduação específica ou pós-graduação. Para que a terapia tenha efetividade – e não use a música apenas como descontração – é preciso que o profissional aplique a técnica, que é construída a partir de evidências científicas.
Desde os anos 70 ela existe como curso superior do Brasil e é lá na formação que os profissionais vão aprender a escuta qualificada do paciente e alcançar os melhores resultados.
Fonte: Thiago Pauluk, musicoterapeuta