Você convive com idosos? Então, fique de olho e cuide da saúde mental deste público
Com o envelhecimento, é natural que problemas na saúde física apareçam em especial relacionados a este próprio processo. E, neste contexto, às vezes a saúde mental do idoso fica em segundo plano. Visando qualidade de vida, equilíbrio e envelhecimento saudável, ficar atento ao aspecto psicológico também é importante.
A terceira idade é uma fase delicada eo idoso pode ter dificuldade de reconhecer a necessidade de ajuda psicológica. “Algo que percebemos muito é o tabu do envelhecimento, como se diversas situações precisassem ser aguentadas simplesmente por serem idosos. Frases como: velho é assim mesmo, isso é normal para a idade. Ou seja, normalizando situações que não são normais”, explica a psicóloga Jéssica Campos.
Neste caso, cabe à rede de apoio mostrar que isso não é verdadeiro e ficar atenta (fazem parte desta rede os familiares, amigos, profissionais que o atendem, igreja e comunidade). Alguns sinais que chamam atenção são o excesso/falta de sono, humor deprimido (se sentir sozinho ou procurar isolamento social), manifestação de que se sente incompreendido, sensação de inutilidade, queda do apetite e dores recorrentes sem diagnóstico físico.
O caminho até a ajuda certa
Seja você quem está passando pela situação ou uma pessoa que convive com um idoso, vale a ressalva que o primeiro passo é a pessoa reconhecer o sofrimento e que precisa de ajuda. Em geral, o idoso não vai diretamente até o psicólogo ou psiquiatra, por não entender que os sintomas sejam de cunho emocional.
Primeiro busca outros profissionais da saúde ou mesmo uma Unidade Básica de Saúde. Nestes locais vai apresentar suas queixas e problemas que tem enfrentado. Com o olhar voltado para o tratamento multidisciplinar, o profissional que o atender vai encaminhar o paciente para outros colegas que tratem cada área, como o psicólogo ou psiquiatra. Inclusive, existem alguns especialistas na área de geriatria.
Outro caminho é quando a família compreende que algo não está certo. Nestes casos, é fundamental que o idoso reconheça que está sofrimento e que, depois, entenda por que deve buscar ajuda psicológica. Neste processo de conscientização a rede de apoio aparece novamente como primordial.
“Precisamos entender que esta dificuldade em reconhecer que o aspecto mental não está 100% é algo cultural de sua faixa etária e, por isso, procuram pouco voluntariamente. Estudos mostram que a terceira idade associa como questão de pouca fé e demoram a perceber que precisam de ajuda”, explica Jéssica. A psicóloga pontua que é um trabalho da rede de apoio, profissionais e mídia de conscientizar sobre as necessidades do idoso e importância de cuidados em saúde, dando visibilidade ao assunto para que ele chegue até este público.
Saiba como lidar
Além da ajuda profissional, você pode mudar sua postura para colaborar com uma boa saúde mental. A primeira dica é reforçar os pontos positivos – ao invés de lembra-lo de suas limitações, foque no que ele ainda consegue fazer. Potencialize os pontos fortes e incentive-o a fazer coisas legais, desde aquele passeio no parque até contar histórias para os netos.
Adeque seu discurso de maneira que ele entenda, mas não o trate como criança. Ele é apenas um adulto mais velho e deve ser tratado assim. O incentive a conviver com outros idosos, que conhecem de pertinho a realidade que ele está vivendo. Neste sentido, busque os serviços gratuitos ofertados, rede de idosos, grupos da terceira idade e clubes do vovô.
Fonte: Jéssica Campos, psicóloga, CRP 08/27842