Terapia da Integração Sensorial de Ayres ajuda crianças com dificuldades de processamento; saiba mais sobre a técnica e conheça seus benefícios
Pode ser uma novidade pra você, mas a verdade é que nós temos mais do que 5 sentidos. Além da visão, tato, olfato, paladar e audição, acrescente sistema vestibular (informa a movimentação) e a propriocepção (noção do próprio corpo). E para aqueles que têm dificuldade no processamento sensorial é que a Terapia da Integração Sensorial foi pensada.
Ela foi desenvolvida em meados da década de 60, pela terapeuta ocupacional Jean Ayres para crianças com dificuldade escolar, inicialmente – no sentido da participação da criança no ambiente, sem estar relacionado à aprendizagem. São coisas como dificuldade de sentar na cadeira, manusear o lápis ou a tesoura, coordenar olhar o quadro e copiar no caderno ou brincar com os colegas. E foi este estudo que entendeu que as dificuldades estão relacionadas ao processamento sensorial, que é a forma como o cérebro recebe, organiza e dá resposta frente as informações do ambiente e do próprio corpo.
Assim surgiu esta abordagem, que é específica da área de Terapia Ocupacional. Ela é voltada para crianças a partir de 3 anos até os 18 (a partir dos 6 meses acontece a intervenção precoce, onde se utiliza a base teórica aliada à outras abordagens). É uma opção nos casos de transtornos no processamento sensorial – que é uma dificuldade neurofisiológica.
Para exemplificar-> são casos de crianças hipersensíveis (algo que era para ser amigável e que o cérebro interpreta como nocivo), que se apresentam em não gostar de texturas como areia, massinha ou de alimentos. Ainda, podem ser hiposensíveis, que se manifestam na criança não conseguir se organizar no espaço. Este desequilíbrio afeta o desempenho satisfatório no ambiente escolar, familiar e social, com perdas também no âmbito emocional.
“Existem diferenças no processamento sensorial que são individuais de cada pessoa e são naturais. Mas quando uma diferença começa a interferir no desempenho é quando se caracteriza como transtorno e que precisa intervenção”, explica a terapeuta ocupacional Gabrielle Grube, que atua com esta terapia há quatro anos.
Entenda a Terapia da Integração Sensorial de Ayres
A terapia começa com uma avaliação para investigar quais sistemas estão impactando no desempenho da criança e como está a integração entre eles. Nesta avaliação são usados tanto testes padronizados, quanto observações clínicas e de situações montadas em formato de desafios a serem cumpridos pela criança.
Depois de identificado o problema, o terapeuta formula um plano de trabalho, onde estabelece metas concretas para um período de tempo. Deste modo, tanto terapeuta quanto a família ficam com as expectativas alinhadas, trabalhando em conjunto em prol da criança. Depois, é feita uma reavaliação onde se estabelece novo plano de tratamento ou encaminhamento de alta.
Por ter como público alvo crianças, a sala é toda lúdica e colorida. Existe tirolesa, tubo, balanços, pesos, passador, almofadas, tecidos, escada de cordas, bolas de diferentes tamanhos e texturas, brinquedos e jogos variados . Dentro da terapia serão utilizados estímulos diversos (movimento e força, por exemplo, com escalada, passar por baixo do aparelho, pendurar, subir) para ajustar os sistemas, gerando respostas adaptativas cada vez mais complexas. “Tenho alcançado resultados ótimos, dentro do universo de possibilidades de evolução de cada criança. Além disso, a terapia se mostra efetiva para o desenvolvimento de crianças no espectro autista, por exemplo”, destaca Gabrielle.
A técnica é uma abordagem específica da terapia ocupacional e exige uma fidelidade de parâmetros mínimos, tanto em equipamentos quanto da formação do aplicador. Hoje, no Brasil existem duas instituições que oferecem o curso, com certificações internacionais e que garantem a efetividade da terapia.
Fonte: Grabrielle Grube, terapeuta ocupacional