Seu bebê dorme bem? Estabelecer uma rotina é o primeiro passo para boas noites de sono
Problemas com o sono das crianças é uma realidade para muitas famílias. Acordar muitas vezes durante a noite, não ter um sono reparador, dormir em horários desordenados… Quando isto passa a afetar o bem-estar, saiba que tem solução e o primeiro passo é estabelecer uma rotina.
O sono tem uma função biológica e a falta dele afeta o crescimento, desenvolvimento e aprendizado do bebê. No primeiro ano de vida são indicadas entre 17 e 18 horas totais de sono, sendo 12 horas noturno e o restante em sonecas diurnas. Isto porquê a nossa glândula pineal, responsável pela liberação e melatonina começa a produção quando diminui a luz solar, por volta das 19 horas.
É importante estabelecer que até os 3 meses o bebê ainda não possui maturidade no sistema nervoso para um sono ininterrupto. Também, precisa mamar por ter poucas reservas de energia e o leite materno ser de rápida digestão. A partir disso, já é possível pensarmos em noites inteiras dormidas, sem a necessidade fisiológica do despertar.
Ensinando a dormir
O nosso sono é dividido em duas fases: leve e profundo. Para passar de um ciclo a outro, temos um leve despertar. A diferença nas crianças é que estes ciclos são mais curtos – durando entre 1 e 2 horas – e por isso tem mais despertares durante a noite, que vão se espaçando ao longo de seu crescimento.
Depois deste momento, é preciso que voltemos a dormir sozinhos. No entanto, por mais que pareça simples, o voltar a dormir precisa ser aprendido. E neste momento maus hábitos podem atrapalhar o sono. “O problema está em como ela vai voltar a dormir. A mãe (ou cuidador) acaba balançando, coloca no seio para mamar e chupeta, por exemplo, que são hábitos de indução do sono. Como ela não sabe voltar a dormir sozinha depois de despertar, acaba precisando deste último ato que estava fazendo, dependendo dele”, explica a pediatra e consultora do sono Karine Schnaider Ramos.
E é aqui que entra o “ensinar a dormir”. O primeiro passo é focar no ambiente dela, que precisa estar propício ao sono. Ou seja, evitar barulhos altos, luzes, pessoas passando, eletrônicos ligados e estímulos em geral. Depois, retirar estes maus hábitos – quando você sente que a criança está ficando sonolenta, colocar na cama para que de fato pegue no sono sem subterfúgios.
Para você funciona a chupeta? Tudo bem, mas antes do berço, lembre de tirá-la. O mamá noturno é aquele momento de acalento entre mãe e filho? Excelente! Mas procure encerrá-lo antes que a criança adormeça. Esse é o desafio: ensinar a criança a dormir sozinha
Estabelecendo a rotina
“Criança adora rotina, porquê os deixa menos ansiosos. Eles sabem o que esperar daquele momento: depois do papá tem o banho, em seguida a hora de dormir. Por isso que quando muda-se totalmente a rotina algumas dificuldades aparecem, como em viagens”, contextualiza Karine.
De início se estabelece a rotina, depois se repete por vários dias, até ela ser assimilada. E isso envolve horário para comer, acordar, brincar, passear, soneca, tomar banho e todas as demais atividades do dia. Mesmo em situações que forcem uma saída da programação – como uma doença – tente normalizá-la assim que possível.
Pensando no sono, estabeleça também um ritual noturno: se a criança gosta de banho, reserve para este momento. Acrescente atividades relaxantes, como uma massagem, interação leve e outros passos que se encaixem na sua realidade. O mais relevante é entender o que funciona para sua família, respeitando suas individualidades e necessidades. Também, que a rotina estabelecida seja repetida sempre, indiferente de quem a estiver executando com a criança.
Consultoria de sono
Para quem já tem maus hábitos associados, dificuldades ou quer aprender a como agir do melhor modo, existe a figura do consultor do sono. Ele pode ser procurado ainda na gestação, para orientação, ou depois do nascimento. Na consulta o especialista vai explicar a fisiologia do sono, como o bebê dorme, as razões para diferentes situações e como construir um ambiente adequado de sono.
Ao entender as necessidades, hábitos e rotina de toda a família, se soma o conhecimento científico e dicas para o sono adequado. Depois chega a hora de por em prática o que foi aprendido, com suporte e orientação até que as rotinas sejam estabelecidas. E tem mais: as mudanças devem acontecer aos poucos. Por exemplo: no dia 1, se coloca 20 minutos mais cedo na cama e acorda 20 minutos mais tarde, até conseguir chegar ao ideal.
Para saber se seu filho está dormindo o suficiente e se as situações que você passam são normais, outro bom indicador é o acompanhamento com o pediatra. “Cada família é uma, assim como suas realidades, e vai ter o seu ponto de equilíbrio. Se a sua possibilidade é colocar para dormir as 19h e acordar as 7h, ok, mas se dor dormir as 22h e acordar as 10h, ok também, desde que tenha o período suficiente de sono noturno”, destaca Karine.
No fim, o relevante mesmo é que tudo funcione para a criança, pais e família como um todo. Se a mãe está feliz e contente em amamentar durante a noite, associado a um crescimento saudável da criança, está tudo certo. A família precisa estar em sintonia.
Fonte: Dra Karine Schnaider Ramos, Pediatra RQE 27654 e consultora do sono