Parto com amor: conheça a doula e o papel que ela tem em prol de partos com respeito

Ao falarmos sobre parto natural, humanizado e com respeito, tem uma figura que vem ganhando espaço no imaginário popular, que é a doula. Presente no parto para pensar na mulher durante este processo, a importância da doula tem se popularizado e cada vez mais o trabalho que realiza é compreendido e valorizado. Mas e aí, quem é a doula e o que ela faz?

            A doula é a profissional que cuida da mulher, facilita o parto e previne violências obstétricas. Seu comprometimento é com a gestante. Faz parte de uma equipe multidisciplinar que atende todo o parto – como obstetras e enfermeiros. O seu conhecimento colabora com posicionamentos que ajudam na dilatação e sua aceleração; entende a pelve (como fazer, o que fazer, como é esta pelve, qual é o tipo de mulher), orienta a hora de agir, falar e instrospecção. Em suma, é uma acompanhante que visa facilitar o processo. Além disso, acompanha desde a gestação até o pós-parto.

            A palavra doula significa “mulher que serve”. Surgiu na década de 1970 através de estudos de médicos americanos que observaram e comprovaram a relevância do apoio contínuo durante o trabalho de parto. Desde então, a profissão foi ganhando relevância. No Brasil, vários estados e municípios vem criando leis para permitir sua presença no parto, além do acompanhante da gestante.

            “Todas as mulheres merecem um parto sem sofrimento, e todos os bebês merecem um nascimento com muito amor. Se você sabe o que vai acontecer, você conhece mais de você e de seu filho, tendo ações mais inteligentes”, ressalta a doula Mônica Balsano, que atua desde 2008 e também é consultora de amamentação. Algumas das medidas de conforto que podem ser ofertadas no parto são a hidroterapia, homeopatia, massagens, posicionamentos, acupuntura, bolsa de água quente e moxabustão.

            A atuação começa ainda na gestação. São realizados encontros prévios entre a profissional, a gestante, o pai ou acompanhante do parto. Ali há o estreitamento de relação, explicação das fases do parto, quais são as possibilidades, como se preparar, posicionamentos, dor, amamentação, primeiros cuidados com o bebê, puerpério e juntas criam o plano de parto (que é o planejamento do que a mulher deseja no parto, que será repassado aos demais que participam do momento). No pós parto, orienta o puerério e na amamentação.

Valorizando o nascimento

            O nascer faz parte de um processo natural da vida e deve ser respeitado. As doulas vem junto com um movimento que prega partos humanizados, ou seja, que prezem pelo respeito à todos os envolvidos e suas individualidades. É um parto que tem dor, mas não sofrimento. E por respeito entenda-se apresentar as melhores opções para a mãe, não realizar procedimentos desnecessários e entender que a mulher é capaz de parir.

            Um parto humanizado pode acontecer em qualquer via de parto, já que o foco é o respeito. Cada caso é um caso. Mônica exemplifica explicando que, por exemplo, uma mulher pode estar com 2cm de dilatação (de um total de 10 cm) e estar vomitando de dor, enquanto a outra pode estar tranquila aos 7 cm. Por isso um olhar individualizado e respeitando cada corpo e condição é fundamental para termos um parto humanizado.

            E para que isso aconteça a informação tem papel central. Buscar fontes confiáveis, científicas e atualizadas refletem no empoderamento feminino e decisões baseadas em evidências. Um dos problemas que o Brasil enfrenta é os altos índices de cesáreas eletivas, ou seja, que não são por indicação médica.

A doula pode estar presente desde as primeiras contrações ou na fase ativa do trabalho de parto (quando se apresentam 3 contrações fortes em um período de 10 minutos).  Assim, pode começar sua atuação desde a casa da gestante até o acompanhamento hospitalar ou casa de parto. Conforme a necessidade, propõe medidas de alívio e posições. Depois que o bebê nasce, garante que a família esteja bem e tranquila.

Outro aspecto que a presença da doula colabora é para evitar violências obstétricas, que acontecem no momento do parto. Podem se enquadrar como violências, por exemplo, não ter um desejo respeitado, descaso, mandar parar de gritar/chorar, amarrar, procedimentos desnecessários e não permitir acompanhante.

Parto Normal

Sabe-se que o parto normal é 5 vezes mais seguro para a mulher e 100 vezes mais seguro para o bebê. “Trabalhamos com um parto que é tão empoderador, lindo, onde a mulher sai feliz e realizada. Vemos o sorriso e a alegria de alguém que passou por um desafio e venceu. É um legado que o parto normal dá à mulher”, reflete Mônica.

Os benefícios são desde a mãe até o bebê. Para a mãe, especialmente é uma garantia de recupeção mais rápida (já que na cesárea são abertas 7 camadas da pele o que dificulta o pós-parto). O bebê, por sua vez, vai direto para o colo e tem o primeiro contato com as bactérias da mãe (em comparação, na cesariana é com a equipe de parto); quando passa no canal de parto, seu pulmão fica livre de água; e, principalmente, como ele escolhe a hora de nascer, é uma certeza de que está completo e formado, refletindo em um bebê ativo e esperto.

Fonte: Mônica Balsano, doula