Gestação é época de cuidado: conheça o pré-natal odontológico
Uma fase toda especial, com demandas específicas para o momento. O pré-natal com o obstetra já é bem conhecido, mas o acompanhamento odontológico gestacional também precisa estar no radar das grávidas. Realizado pelo dentista, visa a qualidade de vida e saúde tanto da mãe quanto da criança durante o período gestacional.
O cuidado é importante porque todo problema que acontece na gravidez – como cáries, gengivite e doença periodontal -, as bactérias penetram na corrente sanguínea e, através da placenta, chegam até o bebê. E as consequências não são poucas! Problemas na boca podem levar a um parto prematuro (abaixo de 37 semanas), baixo peso do bebê, pré-eclâmpsia e estudos apontam riscos de óbito de mãe e filho.
O pré-natal odontológico é realizado em 2 fases. A 1ª, ainda no 1º trimestre, é focada no autocuidado. O ideal é que aconteça assim que se descobre a gravidez, após a consulta com o obstetra. O encontro avalia toda a cavidade bucal para verificar possíveis cáries, gengivite e doença periodontal, além de reforçar lições de higiene oral.
“A gestante muitas vezes neste começo tem náuseas e enjoos e acaba descuidando um pouco sobre a higiene. Também orientamos sobre o consumo de açúcar, que pode levar à um diabetes gestacional”, explica a dentista Ana Paula Teitelbaum.
A 2ª fase deste pré-natal acontece no último trimestre, com 32 semanas de gestação. Neste momento, o dentista dá orientações em relação ao aleitamento materno, a não-introdução de açúcar nos primeiros 2 anos de vida, chupetas (alteração na cavidade oral), mamadeira (confusão de bicos), quando irrompe o primeiro dente e orientações sobre como realizar a higiene bucal. Ou seja, esta fase é voltada ao bebê e suas primeiras necessidades.
Mudança na lei
Se antes a figura do dentista era uma recomendação, reconhecendo a importância do pré-natal odontológico, a partir de 2022 se tornou obrigatório pelo Sistema Único de Saúde. Com pioneirismo, o Brasil implementou mudanças que fazem com que necessariamente a gestante o realize.
As três mudanças principais estabelecidas foram que o atendimento pode ser realizado em todas as fases da gravidez; atualização sobre medicações possíveis, como analgésicos, anti-inflamatórios e anestésicos, sem afetar a formação do bebê; implementou orientações para que a criança cresça livre de lesões cariosas.
“O dentista deve fazer parte da equipe que atende as gestantes, mas, esta figura precisa estar presente durante toda a vida da pessoa. Pensando nos 1000 dias de vida do bebê (desde a gestação até os 2 primeiros anos de vida), evidências mostram o impacto positivo nos bebês em relação a cárie na primeira infância, essa criança vai crescer livres de cáries e com dentes saudáveis por toda a vida”, ressalta Ana Paula.
Fonte: Ana Paula Teitelbaum, dentista, CRO 13505