Educação sexual para crianças e adolescentes: você já pensou em quando e como abordar o assunto?
Diz o ditado que “ser pai é padecer no paraíso” e dentre tantos questionamentos a abordagem da educação sexual ainda pode ser um tópico difícil. Seja por você mesmo não se sentir confortável com o tema, não conseguir reconhecer a hora certa, resistência da criança, medo da reação ou mesmo vergonha. E ainda assim, esta conversa é super necessária.
Mas fica tranquilo, com um pouco de paciência, sensibilidade e gingado, você tira de letra! Cada fase de desenvolvimento representa um desafio e uma necessidade. O consenso é de que, respeitadas as crenças e cultura dos familiares, a conversa deve ser a mais sincera possível, procurando estabelecer um canal de diálogo – que, se bem trabalhado, manter-se-á aberto em todas as fases, criando um ambiente seguro e de confiança.
No cenário ideal, a educação sexual deve ser iniciada entre os 5 e 7 anos (na fase da descoberta do seu corpo) a partir da demanda da própria criança. Neste momento, cabe uma explicação das diferenças fisiológicas entre meninos e meninas, já que até então, ela não tinha percepção de que os genitais são diferentes. É nessa fase que começa a curiosidade – mas não mentalidade para o ato sexual, e o assunto deve ser introduzido. É importante ressaltar o respeito, tanto com o próprio corpo quanto com o do outro, estabelecendo quais são os limites saudáveis.
Entre 10 e 12 anos, vão perceber suas mudanças corporais – em geral, os meninos de maneira mais precoce que as meninas. Aqui cabe aos responsáveis encontrar um momento ideal para trazer a tona o assunto (não forçando a situação). Precisa-se explicar os nomes corretos dos órgãos sexuais, explicar que todos temos, mas que não é algo que se mostre ou expõe. Deve-se respeitar as perguntas que vão surgir da própria criança.
A psicóloga Bruna Fillus relembra que o sexo é um tema que – em um contexto geral – a sociedade tem problema para falar sobre. “Ao longo do desenvolvimento, deve ser sincero, de outro modo, a criança sabe. Ao ponto que cresce e vai procurando meios de descobrir, seja na internet, com fácil acesso, ou mesmo em trocas com outras crianças”, explica Bruna. E hoje, além dos amigos e escolas, se não for sanada uma curiosidade, o ambiente da internet é extenso no tema, e destes modos, os pais não terão o controle de como, quais e quantas informações seus filhos tiveram acesso.
Educação Sexual na Adolescência
Até na fase dos 13 anos, é possível manter uma postura passiva: quando a criança manifesta curiosidade, o assunto é introduzido de maneira sincera. Se o trabalho começa desde pequeno, em tese, ao chegar à adolescência as bases de orientação e confiança estão consolidadas.
E os tempos mudam. Se antes era possível aguardar até os 15 ou 16 anos, hoje a partir dos 13 ou 14, os adolescentes já tem a percepção de que os órgãos sexuais tem também a função do prazer. “Há um medo de que, se falar sobre, vai estimular o assunto. Mas, independente de os responsáveis falarem ou não, a curiosidade vai existir. Muitas vezes a insegurança dos pais é até por achar que já aconteceu e não saber como lidar ou de imaginar como era na sua época, e acreditar que não vai acontecer tão cedo”, coloca Bruna. É a fase de muitas mudanças e crescimento, físico, mental e psicológico. E vale reforçar a ressalva da psicóloga aos pais: instruir é diferente de assustar.
Quanto antes a conversa acontecer, ela tende a ser mais fácil, com o filho entendendo que você está disposto a conversar sem julgamento. E o parâmetro para a conversa depende de cada situação, respeitando a individualidade e desenvolvimento do filho.
Aqui já é importante explicar o que é o sexo, como é o sexo seguro, doenças sexualmente transmissíveis, consentimento e gravidez na adolescência. Algo que pode surgir é o aspecto da orientação sexual, já que é uma fase de descobertas, e os pais devem estar preparados. E, no meio de tanta informação, fica a dica: pensar no sexo como forma de prazer e respeito (consigo e com os outros) são bons parâmetros para conversas saudáveis.
Fonte: Psicóloga Bruna Fillus, CRP 08/25902