Traumas psicológicos: entenda como você pode dar suporte para quem passa pela experiência
Passar por situações de violências deixa suas marcas. Como seres individuais, aquilo que me afeta pode não ser o mesmo que vai te tirar do prumo. Saber dar suporte para colaborar na melhora e tratamento da pessoa com um trauma psicológico ajuda neste processo.
Enquanto amigo ou familiar, podemos oferecer suporte. O primeiro mês depois do acontecimento é o momento da psicoeducação. A psicóloga especializada em trauma, Gláucia Orth, coloca que “a psicoeducação é explicar o que ela pode vir a sentir por ter passado por essa experiência; comunicar como é o funcionamento da nossa cabeça; receber o suporte das pessoas próximas, o que diminui a gravidade das experiências; ter proteção”.
Fica o destaque de que nada substitui o acompanhamento de profissionais, mas, existe o entendimento que é possível aos demais do convívio colaborar neste processo. As dicas funcionam especialmente no momento logo após a vivência da experiência violenta – acidentes de carro, roubos, enchentes, violência doméstica… –, que é um momento quando não estar 100% ‘ok’ é esperado.
Neste período, sintomas como pesadelos, perda de apetite, não conseguir passar perto do local, náuseas, tremor, pouca concentração e irritabilidade são esperados e normais. Porém, se isto continuar com a mesma intensidade de 1 a 3 meses após o ocorrido, é fundamental buscar ajuda especializada.
Quanto a abordagem de suporte, o primeiro ponto é não julgar a experiência. Não foi você quem passou, certo? Culpabilizar a vítima vai fazer com que ela sofra novamente. Na sequência, devemos entender se a pessoa preferir ficar recolhida ou não quiser falar sobre o assunto.
Quando estiver ouvindo, evitar comentários no estilo: porquê você não correu? Porque não chutou? Ou seja, entender que a pessoa foi vítima da situação, não pediu por ela ou queria que acontecesse. Que a reação que teve no momento foi dentro dos seus limites.
Por que bucar ajuda
Situações que geram traumas emocionais e psicológicos, quando não tratados, afetam a vida das pessoas de diversas maneiras. E, por isso, é importante falar sobre o tema e buscar ajuda. É aquilo: sua saúde mental é tão importante quanto a física, e por isso, merece atenção.
“É necessário muita coragem para ir de encontro a essas experiências. Mas não é nada que a vítima já não passe na cabeça. O tempo não vai curar as feridas, sozinho ele não tem esta capacidade”, reflete Gláucia. Com a ajuda certa, a vida da pessoa vai mudar, aumentando a qualidade de vida.
Fonte: Gláucia Orth, psicóloga, CRP 08/16841