Tratamento oncológico e alimentação: saiba como o que você come pode te ajudar contra o câncer
Descobrir um câncer e passar por seu tratamento são desafios quando vivenciados. Além da questão medicamentosa conduzida pelos médicos, você sabia que o quê você come pode te ajudar ou atrapalhar nesta batalha? É por isso que a orientação profissional especializada neste período é tão importante.
Tem coisa que não tem jeito: alimentação rica em frutas, verduras, legumes e carnes magras fazem parte de uma dieta balanceada e vida saudável. Mas tem coisas que são específicas para cada etapa da vida. Durante um tratamento oncológico se reforça a necessidade de fortalecimento da imunidade e do alívio de efeitos colaterais e, para isso, um estudo cuidadoso das necessidades alimentares de cada pessoa faz a diferença.
“Quando falamos em câncer, muitas pessoas pensam que é uma dieta específica que vai auxiliá-las, mas na verdade não, a mais indicada é a que o paciente que consegue fazer por conta do seu quadro clínico no momento “, contextualiza a nutricionista Kassia Oliveira, especialista em oncologia adulta e pediátrica. Coisas comuns com este público são seletividades alimentares (como aversão ao salgado/doce ou a determinadas texturas) e alteração do paladar.
Em geral, são dois os perfis de pacientes. O primeiro é o que apresenta perda de peso acentuada por conta do quadro tumoral e do próprio tratamento; o segundo são os que passam por tratamentos com corticoide e tem câncer receptivo hormonal, o que pode gerar ganho de peso.
E aqui entra o jogo de cintura de adotar uma alimentação saudável enquanto se respeita as necessidades e dificuldades que cada paciente tem no tratamento. Por isso que, para um caso, o nutricionista indica até farinha láctea durante certo período e, para o outro, corta qualquer alimento que estimule o aumento hormonal.
Interações medicamentosas dos chás
Assim como o alimento pode te ajudar, pode atrapalhar. Um dos cuidados é evitar a automedicação – seja ela com medicamentos propriamenteditos ou chás caseiros. Isto por quê a interação medicamentosa pode estar interferindo no seu tratamento e você nem sabe.
“Os chás naturais precisam ser usados com cuidado. São poucos os do dia a dia que podem ser usados em conjunto com o tratamento sem esta interação, porque eles tem maior concentração de compostos específicos”, explica Kassia. Eles podem diminuir ou aumentar a atuação dos medicamentos dentro da célula.
O chá verde, por exemplo, faz com que haja maior detoxificação da quimioterapia em todos os tratamentos, já a camomila pode fazer com que um dos medicamentos usados para hormonioterapia, o tamoxifeno,se tornetóxica a nível hepático, ou seja, o fígado não consegue transformar o medicamento em forma ativa. Já o noni e unha de gato fazem o oposto. Aumentam a concentração do quimioterápico, diminuindo a imunidade e provocando diarreia e maior probabilidade de infecções.
Do lado positivo, boas indicações são o gengibre, bastante utilizado para evitar náusea; hortelã, nos casos de boca metalizada; e anis estrelado para náusea e digestão.
E se eu não tenho câncer, ainda assim posso usar a alimentação a meu favor para evitá-lo?
A boa notícia é que pode sim! Segundo Kássia, ao adotarmos uma alimentação balanceada e rica – aliado a um estilo de vida saudável, principalmente – podemos reduzir em 30% as chances de desenvolver um câncer, já que os nutrientes conseguem trabalhar em nível genético. E, de quebra, junto com esta prevenção você vai melhorar sua qualidade de vida e saúde como tudo.
Além disso, quando já existe predisposição genética (como vários casos na família ou mapeamento genético que indique esta tendência) é possível trabalhar um plano alimentar preventivo. Cada organismo é único, mas ao entender o funcionamento do seu tipo de câncer a indicação passa a ser no sentido de incluir opções com potencial de parar a progressão tumoral.
No câncer de colo de útero, por exemplo, é importante incluir ítens como farinha de linhaça, abacaxi e laranja, pela Vitamina C. Nos cânceres de cabeça e pescoço, produtos com ômega 3, magnésio e ácido fólico. Já nos tumores hormonais, retira-se tudo que estimule a produção do respectivo hormônio.
Fonte: Kassia Oliveira, nutricionista especialista em oncologia adulta e pediátrica